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Dos 231 ônibus que deveriam estar nas ruas de Londrina já no início da tarde desta sexta-feira (22), após determinação judicial para que a metade da frota voltasse a circular, apenas 81 saíram da garagem até as 15h30. A informação é da assessoria de imprensa do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Londrina (Metrolon), que também informou que a empresa está com dificuldades para convencer os motoristas a voltarem ao trabalho.

A determinação judicial passou a valer às 13h30. Em caso de descumprimento da decisão, o sindicato dos empregados está sujeito a multa de R$ 50 mil por dia. O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Londrina (Sinttrol), José Faleiros, afirmou que o sindicato não está obrigando ninguém a ficar parado nem a trabalhar. "Nós só estamos impedindo que ônibus circulem sem cobrador. A lei proíbe que o motorista trabalhe sozinho", explicou.

Londrina amanheceu sem ônibus do transporte coletivo nas ruas nesta sexta-feira (22). Isto porque, durante a madrugada, a categoria dos motoristas e dos cobradores das empresas do setor decidiu, por 485 votos a 122, pela greve. A assembleia terminou por volta das 8 horas, após mais de quatro horas de duração.

A Transporte Coletivos Grande Londrina (TCGL) entrou com pedido de análise judicial para que a frota circulante fosse decidida. A Justiça determinou que 50% dos ônibus voltem a circular nesta tarde.

A frota do transporte coletivo londrinense é estimada em 463 veículos - além da TCGL, a LondriSul também presta o serviço. Com a determinação judicial, 231 deveriam entrar em circulação. Por ser um serviço essencial, o transporte coletivo não pode ser paralisado totalmente.

Greve aumenta procura por outros tipos de transporte

Por volta das 10h20 horas, não havia movimento no Terminal Urbano Central, já que todos os ônibus estavam nas garagens das empresas. Sem ônibus, a procura por meios alternativos de transporte aumentou. Os mototáxis foram a saída encontrada por muitas pessoas para não chegarem atrasadas ao trabalho.

Das 15 empresas consultadas pelo JL, apenas três atenderam às ligações. As outras estavam com o telefone ocupado. Os preços para corridas dentro do quadrilátero central variavam de R$ 6 a R$ 10 por volta das 9 horas. Os preços, de acordo com os motociclistas, são tabelados e não sofreram alteração por conta da greve no transporte coletivo.

A estudante Patrícia Silva Pereira contou que foi pega de surpresa com a greve do transporte coletivo. Aprovada no curso de Relações Públicas no último vestibular da Universidade Estadual de Londrina (UEL), ela tinha até esta sexta-feira (22) para confirmar a matrícula e garantir a vaga.

Ela, que trabalha na região da Avenida Maringá, só conseguiu um meio de transporte para a universidade na Avenida Higienópolis. "Vim a pé até aqui [Higienópolis], onde consegui um mototáxi. Se tudo der certo, não vou perder minha vaga", disse, já na garupa da moto.

A corrida, que, segundo ela, normalmente ficaria em R$ 6, custou mais que o triplo. "O motoqueiro me cobrou R$ 20 pelo trecho. É caro, mas, para mim, hoje, não tem como dizer não."

No Terminal do Acapulco, na região sul, os mototaxistas cobravam R$ 15 nas corridas para o centro e carros particulares ofereciam "carona" a R$ 5 por pessoa para o mesmo destino. É o que contou Maria Betânia da Silva, que trabalha como terceirizada no posto de saúde da Vila Casoni. "Se alguém vier me buscar eu vou trabalhar, senão fica difícil", relatou.

Os poucos trabalhadores que chegaram para tentar pegar os ônibus ficaram decepcionados com a dificuldade para ir até o local de trabalho. "Vou ligar para ver se a empresa me pega, que a pé eu não vou nem que a vaca tussa", garantiu Meire Soller, que trabalha perto da Arel. Mônica Silva Figueiredo, também esperando no Terminal do Acapulco, aguardava a carona do patrão para poder trabalhar nesta manhã. "Estou esperando, já avisei que estou sem condução."

"Eu vou a pé, mas a firma vai ter que me trazer de volta, que eu saio tarde e no escuro eu não volto a pé", contou Aparecida César Reis. Ela é merendeira e trabalha na Escola Cláudio de Almeida, na zona sul. O horário de saída do trabalho: 19h48. "Fiquei surpresa com a greve, a gente não merece isso. Se vai subir a passagem, sobe logo, mas a gente que necessita do transporte para trabalhar. Não pode ficar assim."

Reivindicações

Os trabalhadores pedem 13% de aumento nos salários, além de plano de saúde e ticket alimentação. "A reivindicação é de 9% da inflação dos últimos 19 meses, que foi o prazo estabelecido pelo último acordo, mais 4% a título de produtividade", explicou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina (Sinttrol), João Batista da Silva. Na reunião de quinta-feira (21), os patrões ofereceram 6%, contra 5,6% do começo das negociações. "O aumento viria só a partir de março. Fevereiro seria só o abono e o PPR [Programa de Participação nos Resultados] seria pago só em 10 de abril", contou.

Segundo a assessoria de imprensa da TCGL e do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Londrina (Metrolon), todas as negociações tiveram resultado favorável aos empregados. De acordo com o assessor José Granado, além dos 6% de aumento nos salários foi autorizado o pagamento retroativo do PPR. "Foi combinado que os 9,5% seriam pagos referente já ao mês de janeiro, mesmo assim, eles optaram pela greve", disse.

Logo após o fim da assembleia, Silva explicou que a diferença entre o que foi oferecido pelas empresas e o que foi reivindicado pela categoria é pequena. Segundo ele, as empresas ficaram "menos flexíveis" depois da publicação do novo valor da tarifa. "O cálculo apontava para uma tarifa de R$ 2,75. A Prefeitura cortou 20 centavos, e as empresas agora entendem que qualquer percentual acima dos 6% atrapalha a discussão judicial que eles pretendem ingressar", disse o presidente do Sinttrol em entrevista à Radio Paiquerê.

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