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O sistema de transporte coletivo de Curitiba é aprovado por 51% da população, mas 77% consideram que a tarifa seria muito cara se fosse reajustada para R$ 2,50 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O sistema de transporte coletivo de Curitiba é aprovado por 51% da população, mas 77% consideram que a tarifa seria muito cara se fosse reajustada para R$ 2,50| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A voz do povo

Na segunda-feira, a Gazeta do Povo publicou um post no blog de Vida e Cidadania perguntando o que deve ser feito para melhorar o transporte coletivo de Curitiba. Em uma semana, foram 110 comentários. Veja alguns deles:

Gheysa Prado

Faltam subsídios do governo para um transporte coletivo mais eficiente e barato. Tem que dar prioridade de circulação para os coletivos (criação de corredores e faixas exclusivas para ônibus), aumentando a velocidade de deslocamento em relação ao transporte individual e melhor cumprimento dos horários. Aumento dos ônibus disponíveis nos horários de maior demanda (início da manhã e fim da tarde), promovendo maior dignidade no uso do transporte coletivo. Maior possibilidade de integração (não só nos terminais).

Jorge Predozo

O sistema de transporte de Curitiba, além de saturado, carece de cuidados básicos de estruturação de pessoal e equipamentos, como alargamento das trincheiras e conserto de rachaduras. As coberturas dos terminais e dos tubos não protegem os usuários no momento do embarque, molhando as pessoas na fila; falta treinamento para motoristas e cobradores, que tratam muito mal os seus "clientes"; o transporte é muito caro e não incentiva o uso.

Marcos Aurélio dos Santos Vieira

Curitiba não comporta mais o ônibus como principal meio de transporte coletivo. A cidade inchou e o número de automóveis cresceu na última década por causa dos incentivos do governo federal. Precisamos de um meio moderno de transporte, como existe nas grandes cidades europeias. O metrô e o trem seriam a solução, mas os governantes municipais não pensam desta forma.

Karine Ribas

Há tempos o sistema de transporte está saturado em Curitiba e apre­­senta vários problemas. Acidentes com ônibus estão sendo cada vez comuns. Todos os acidentes deveriam gerar uma atenção redobrada, quer dizer que algo está falho e deve ser descoberto. Há vários fatores, como remuneração baixa, estresse dos motoristas, cobrança das empresas em relação aos horários, escalas. Falta manutenção frequente dos ônibus.

Sistema estagnou, dizem especialistas

Para especialistas em transporte coletivo, os acidentes envolvendo ônibus nos últimos anos são apenas a ponta do iceberg de um sistema cada vez engessado e estagnado. O Bus Rapid Transit (BRT) – modelo de transporte com veículos articulados ou biarticulados que trafegam em canaletas específicas ou em vias elevadas – deixou de ser considerado "modelo" durante a última década.

Leia a matéria completa

  • Confira o levantamento da Paraná Pesquisas sobre o sistema de ônibus de Curitiba

Ver um ônibus envolvido em um acidente de trânsito parece cada vez mais comum em Curitiba. Pelo menos três a cada dez moradores da cidade já passaram por isso, segundo levantamento da Paraná Pesquisas feito com exclusividade para a Gazeta do Povo. Das 510 pessoas ouvidas entre terça e quinta-feira da semana passada, 35% disseram que já presenciaram um veículo de transporte coletivo da capital envolvido em batidas de trânsito.

De novembro de 2008 a janeiro deste ano, três pessoas morreram e 86 ficaram feridas em cinco acidentes graves envolvendo ônibus em Curitiba. O caso mais recente a chamar a atenção foi no dia 8 deste mês, quando uma colisão entre um biarticulado e um ligeirinho, na Travessa da Lapa, no centro de Curitiba, deixou 40 pessoas feridas (leia mais sobre acidentes ao lado).

Apesar desse tipo de ocorrência se tornar cada vez mais comum na cidade, a pesquisa mostra que 50,5% da população considera o transporte coletivo ótimo ou bom. Outros 28% dizem que o sistema é regular e pouco menos de 20% afirma que andar de ônibus na capital é ruim ou péssimo. Os principais problemas apontados são superlotação, demora entre um ônibus e outro e o preço da tarifa. As pessoas que não usam o transporte coletivo como principal meio de transporte têm uma avaliação levemente melhor das que encaram os ônibus todos os dias. A diferença, porém, está dentro da margem de erro de 4,5% do levantamento.

Imagem forte

Segundo a pesquisa, somente dois em cada dez curitibanos não gostam nada do sistema de ônibus da cidade. "É muito forte a imagem que se fez [do sistema] nos últimos anos. Ele funciona, mas tem problemas", analisa o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. Ele avalia que a tendência é essa imagem se deteriorar nos próximos anos, caso as deficiências não sejam atacadas e os problemas resolvidos. "O problema não é tanto o preço da tarifa. O grande desafio é a superlotação."

Para o engenheiro civil, mestre em transportes e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Ricardo Bertin, essa avaliação da população deve pautar o planejamento nos próximos anos, pois o sistema está perto da saturação. "Tradicionalmente, temos um bom sistema. Tanto que ele foi copiado em Bogotá, na Colômbia. A cidade foi a primeira a colocar os ônibus em canaletas, numa espécie de pré-metrô", disse. "O sistema está chegando a seu ponto de saturação. Sou a favor da implantação de um sistema metroviário, como o metrô."

Lotação, demora e tarifa

Não é preciso ser um especialista para notar os principais gargalos do sistema. A população apontou como problemas o que todos os especialistas citam como as principais deficiências que afastam as pessoas do transporte público: lotação, demora e, claro, o preço da passagem. "Precisamos ter o dobro de ônibus, principalmente nos horários de pico", acredita o engenheiro civil Clóvis Lunardi, especialista em transporte e ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

Ricardo Bertin também avalia que oferecer mais veículos é essencial para melhorar o índice de satisfação dos usuários, mas aponta uma possível consequência: o aumento do preço da passagem. "Só se reduz o tempo de espera no ponto se colocar mais ônibus. Com isso você reduz a lotação, mas aumenta os custos", lembra. Ele sugere a desoneração tributária dos insumos – como pneus e óleo diesel – como forma de combater a elevação do preço.

O arquiteto Carlos Ceneviva, ex-presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs) e do Ippuc, acredita que os usuários não se importariam de pagar por um serviço de qualidade. "O preço da passagem só é caro se o serviço é ruim", afima. Na pesquisa, 49,1% dos entrevistados disseram que o atual preço de R$ 2,20 é caro e 46% o consideraram justo. Pouco mais de 3% acham a tarifa barata e 77% disseram que R$ 2,50 seria um preço muito alto diante do que é oferecido. "Há uma correlação entre os 50% que aprovam o sistema e os 46% que acham o valor justo", diz Ceneviva.

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