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Ontem levantei antes das seis da manhã e às 8h30, já no meio da correria da manhã, finalmente "acordei". Olhei para o relógio e pensei: o Papa está quase saindo de Roma! Graças a suadas horas extras no jornal e a um convite que "caiu do Céu" para o encontro com os jovens no estádio do Pacaembu, decidi preparar as malas e ir para São Paulo. Quando você estiver lendo este depoimento, caro leitor, nesta quinta-feira, provavelmente estarei a caminho ou no estádio, junto de outras 34.999 pessoas.

Por que vou participar? Ouvi essa pergunta de amigos católicos e não-católicos. E respondo: ser católica explica parte do meu impulso. O restante, debito à experiência de ter visto o Papa João Paulo II no Rio de Janeiro, em 1997.

Na época, o evento no estádio do Maracanã e a missa no dia seguinte com 2 milhões de pessoas no Aterro do Flamengo foram, para mim, momentos intrigantes. Não sou sentimental. O duelo se travava na razão – eu estava lá por motivos familiares, um pouco contrariada. "Como o Papa consegue atrair tanta gente?", pensava. Mais ainda, jovens? Pregando os mesmos ensinamentos de sempre, sem se importar com a "opinião pública"? Um senhor, com mal de Parkinson, sem nenhum atrativo humano? Com certeza, não vieram escutar o Roberto Carlos...

Percebi que seria irracional procurar motivos racionais. Até aquele momento eu era do estilo, como dizia o filósofo, que prefere "a explicação das coisas que não existem do que a existência de coisas que não entende". Diante do milagre multitudinário papal, no entanto, cedi à "verità effettuale della cosa", para usar uma expressão do velho Nicolau Maquiavel: no enigma havia muito mais do que marketing ou uma boa organização. Olhei para o Céu e dei uma boa risada interior, sentindo-me desafiada. Mais tarde, estudei a fundo os aspectos teológicos e filosóficos da doutrina da Igreja e comecei a tentar colocá-los em prática. Resultado: nessa batalha, sou feliz.

Mas voltemos à minha quarta-feira. Não pude deixar de me divertir ao ouvir o Papa Bento XVI falar melhor o português do que o "companheiro Lula". Pensei, "vai ser demais!". De "kit peregrino" na mão, engrosso a multidão que, com certeza, não se arrependerá dos sacrifícios para ver o Papa.

Denise Drechsel é repórter da Gazeta do Povo e vai a São Paulo acompanhar a visita do Papa.

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