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Atualmente, a família tenta fazer tudo de bicicleta, da ida ao supermercado à volta da escola. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Atualmente, a família tenta fazer tudo de bicicleta, da ida ao supermercado à volta da escola.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A dona de casa Marinês Batistel, 45 anos, o funcionário público Elizio Batistel, 52, e os filhos Germano, 12, e Ernani, 9, são os protagonistas da história da Família Bike Amarela. Com direito a uniforme e até jingle, eles pedalam por Curitiba propagando o uso consciente da bicicleta e a busca por doadores de sangue, plaquetas e medula óssea.

Muitos sonhos e poucos recursos

O slogan das camisetas amarelas da família e dos panfletos que ela distribui é “Doe sangue e abrace essa causa”. A família também tem feito ações pedindo doadores de plaquetas e de medula óssea. E a experiência é para lá de gratificante. Germano é responsável por editar os textos, postar nas redes sociais e produzir as fotos das campanhas da família. Ele conta que as incursões de bike e as paradas em praças, parques e ruas de Curitiba e RMC são para ajudar o próximo. “Tem gente que volta e avisa que fez a doação de sangue”.

São muitos sonhos e poucos recursos. Até o momento, o dinheiro saiu do próprio bolso. Mas Marinês vislumbra um jeito de ampliar a causa e pensa em vender as camisetas da família Bike Amarela. “Com o ganho, poderíamos ir mais longe”. Neste ano, eles querem seguir até São Paulo de bicicleta e parar na Praça da Sé com o camisetão amarelo. Serão 339 quilômetros enfrentando sol, chuva e frio. “Não [faremos] o percurso completo de bike, é claro. As crianças não aguentariam”, diz ela.

Além do ensino de colagem e incentivo do modal em escolas, a família Batistel também se propõe a ensinar crianças a andar de bike. Um menino do Xaxim foi o primeiro aluno. Acharam que levaria 30 dias. Mas as rodinhas foram suprimidas do veículo em três dias. “E o sorriso foi a maior recompensa”, conta Marinês.

Para o futuro, o plano da família é montar uma organização não-governamental e buscar parceiros para o incentivo das campanhas de doação. “Queremos deixar esse legado para nossos filhos. Que a proposta solidária continue e que mais pessoas participem”, diz a mãe Marinês Batistel.

Para conhecer o trabalho da família Bike Amarela acesse a página no Facebook: http://on.fb.me/1M2tiD4

Ao entrar na casa dos Batistel, no bairro Xaxim, é possível perceber a fascinação pela bike. Na parede da garagem, uma gravura foi montada com 2.260 lacres de latinhas de refrigerante no formato de uma magrela. A exposição não é à toa. Marinês admite que pretende ensinar a prática de colagem em desenhos para estudantes: “queremos compartilhar essa magia”.

A bike é o elemento de decoração da garagem da família. Na foto, o detalhe da cabeça raspada da mãe Marinês. Tudo para chamar a atenção à causa.Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

O primeiro passo para incorporar de vez o uso da bicicleta na rotina da família ocorreu durante uma das campanhas do Dia Mundial Sem Carro, em 2010. Até então, o modal era usado mais frequentemente pelas ruas do bairro, para levar os meninos à escola, ir ao supermercado ou ao trabalho. Atualmente quase tudo é feito de bicicleta. São de 3 a 3,5 quilômetros diariamente. Quando é preciso levar um filho ao médico, porém, optam pelo transporte público. O maior percurso percorrido até hoje foi de 78 quilômetros, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, em uma competição.

Segurança

Em busca da segurança do núcleo familiar, a formação na hora de pedalar segue o padrão: Marinês à frente, Ernani, Germano, e Elizio por último. “Só assim para ter segurança”. Mas nem sempre é fácil utilizar a bicicleta. Já presenciaram muitas situações de desrespeito às leis de trânsito e até xingamentos.

O novo olhar sobre a família, segundo Marinês, surgiu quando o grupo resolveu adotar um uniforme. “Parei um dia e fiquei olhando o semáforo com atenção. E pensei: por que não usar uma dessas cores para as nossas roupas?” Em comum acordo, optaram pelo amarelo. Daí seguiram uma série de apelidos que encaram com humor. A família Simpson, a Família Brasileira, a Família Pintinho e até a Família Banana. Eles resolveram nomear o quarteto de Bike Amarela. Deu certo.

Os meninos fazem sucesso na escola. Eles são parados por colegas e pais para contarem sobre as experiências. Germano estuda no 8.º ano do Colégio Estadual Jaime Canet, no bairro Xaxim; e Hernani na Escola Municipal Francisco Derosso, no 4.º ano. “Os meninos têm o respeito dos professores na escola. Todos sabem que não é só lazer”, afirma Marinês.

A mãe da família Bike Amarela

Quem é Marinês? Diante da pergunta, surge um sorriso largo da jovem careca. “Sou mãe”. Com uniforme ou sem uniforme, ela destaca que é o amor que une a família às causas sociais. Casou-se com Elízio em 1991. “E sempre teve uma bicicleta no meio”, sorri trocando olhares com o marido. Na época, trabalhava em um carrinho de cachorro-quente na Praça Rui Barbosa. Elízio era seu cliente mais fiel. Quando se conheceram cada um já tinha um filho de seus primeiros casamentos: Marinês é mãe de Patrícia; Elízio é pai de Henzo. Além de Germano e Hernani, eles são os pais de Julia, de 20 anos. Marinês também já é avó de duas netinhas. “Somos uma família comum”.

Quando ela resolveu cortar o cabelo, foi um susto na vizinhança. “Todos diziam que eu estava doente. Primeiro foram os buchichos, depois vieram perguntar.” A saúde vai bem, garante ela. O que ela quer é sensibilizar as pessoas para a causa que a família vive propagando há cinco anos. “Quando tiro o capacete causa um impacto”, diz ela. E tem surtido efeito. Quando lhe param no mercado, por exemplo, e ela conta o que faz, aproveita para fazer o seu discurso.

O público que se aproxima é eclético: crianças, jovens, adultos e idosos. No início, as pessoas ficam surpresas por encontrar um casal e duas crianças vestidos em um camisetão amarelo, mas vão chegando e buscando saber mais. “Há muita falta de informação sobre a doação de sangue e medula óssea”, afirma Elizio. Para isso, eles buscam orientar, acima de tudo, e encaminhar para os centros de coleta.

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