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Curitiba – O barraco de lona – onde vive Maria Alves da Luz, 37 anos; o marido Antônio Rodrigues, 27; e as filhas Gisele, 14; Daniele, 11; Rúbia, 8; Mariele, 7; e Marcela, de um ano e meio – é a personificação de um dos piores efeitos colaterais do Bolsa-Família. A situação desta família é a prova de que o governo federal ainda tem um longo caminho a percorrer para que o programa supere o estigma de esmola oficial.

Acreditando que como assentada receberia uma moradia e recursos do Bolsa-Família, dona Maria deixou a cidade vizinha de Virmond, onde vivia na beira da estrada entre Laranjeiras do Sul e Rio Bonito do Iguaçu, com a promessa de que em Rio Bonito "dão casa e pagam um dinheiro para o pessoal". A casa, que ela e sua família ainda estão esperando, é uma referência às residências que os assentados da região conseguiram construir depois de 10, 15 anos de trabalho e ajuda do Incra.

O dinheiro do Bolsa-Família até tem vindo, garante dona Maria. São R$ 95 que atrasam pelas idas e vindas da família Luz. "Fiquei um tempo sem receber porque vou e volto. Não me acostumei no acampamento sem-terra. Vim para cá. Se tiver chance de ir para outro lugar eu vou", explica ela. Como dona Maria, há cerca de 170 famílias acampadas entre as duas cidades, em fazendas invadidas e na beira da estrada.

Sem a tão falada porta de saída – a adoção de cursos profissionalizantes, geração de renda, projetos de desenvolvimento sustentável para que as famílias consigam andar pelas próprias pernas – o Bolsa-Família vai continuar sendo como a história de Dona Maria. Uma diária ida e vinda pela estrada atrás de um lugar em que seja pago um "dinheiro para a gente".GV

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