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Lucimara Miguel Falcão, 33 anos, não deixou a limitação de mobilidade afetar sua animação | Daniel Castellano/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Lucimara Miguel Falcão, 33 anos, não deixou a limitação de mobilidade afetar sua animação| Foto: Daniel Castellano/Agência de Notícias Gazeta do Povo

A pouca acessibilidade da via de paralelepípedo não foi empecilho para que a alegria de Lucimara Miguel Falcão, 33 anos, tomasse conta da avenida. Acompanhada dos pais, dos dois irmãos e de amigos, a cadeirante foi um dos destaques do Carnaval de Antonina, ao desfilar na escola de samba Filhos da Capela, na noite do domingo (2). "Ela foi mais clicada que a madrinha de bateria", brinca a mãe, a professora universitária Mary Miguel Falcão, 53 anos.

Quando tinha oito anos, Lucimara sofreu um acidente automobilístico que lhe causou um traumatismo craniano e lhe tirou todas as funções motoras. Hoje, com uma idade mental de cerca de sete anos, ela se comunica bem, recuperou a maioria dos movimentos, por meio de fisioterapia, e é uma pessoa muito de bem com a vida. "Achei lindo, muito legal! Adorei participar. Queria voltar, vou voltar", planeja.

A ideia de participar do desfile das escolas de samba surgiu por acaso, em uma visita da família – que mora em Matinhos – a Morretes. Lá conheceram uma participante da Filhos da Capela que os convidou para o Carnaval antoninense. Sorridente e alto astral, a estreante foi só sucesso na avenida. "Ela se acabou! Para nós é muito normal, para as pessoas, não. Sempre a levamos para eventos públicos, comícios, festa, cinema, teatro. Ela é parte da família, vai onde vamos", comenta Mary.

Segundo a mãe, no entanto, nem sempre a acessibilidade do local permite que Lucimara participe das atividades. Nesses casos, uma boa conversa resolve a situação. "Primeiros temos que entender o espaço. Tem lugar que não tem condições. Mas à praia, por exemplo, apesar de não ser acessível, ela vai. Ela tem uma cadeira de rodas de praia."

Mary acrescenta que a parte mais difícil na rotina de um cadeirante é brigar por um espaço garantido do ponto de vista legal, mas pouco respeitado culturalmente. "Esses dias esperamos um tempão para entrar no banheiro adaptado, e um rapaz saiu lá de dentro. No aeroporto, o lugar de embarque do deficiente é exatamente onde as vans descem as pessoas, é um abuso." Para ela, exemplos como o da filha podem ajudar outras mães a fazer o mesmo, até que um cadeirante em qualquer espaço deixe de ser surpresa para as pessoas. "As mães precisam ver que é normal, mesmo com as ruas esburacadas, é normal."

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