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Luiz Tenório de Albuquerque, 70 anos: corrida diária, ginástica e alongamento | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Luiz Tenório de Albuquerque, 70 anos: corrida diária, ginástica e alongamento| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Perfil e comportamento são fatores importantes

A postura do indivíduo vai além do alinhamento do esqueleto. O "peito pra fora, barriga pra dentro" é muito mais que um movimento mecânico. É atitude. Tem relação com o perfil, o temperamento, a cultura e até mesmo a posição social. "É um fator de identificação de grupo social. Um militar não anda como um rapper, e vice-versa", aponta o fisioterapeuta Léo Boiarski Ribeiro. E até os excessos são perigosos. "Rígido demais ou relaxado demais são atitudes de risco para problemas posturais."

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Efeitos

Compressão

Uma das características do envelhecimento humano são os reflexos na postura do indivíduo. O encolhimento é provocado basicamente pela redução dos discos intervertebrais. Essa estrutura, gelatinosa e fibrosa, perde líquido e se achata, deixando os espaços entre as vértebras da coluna menores.

Redução

Em média, o indivíduo perde de 10 a 15 centímetros de altura na terceira idade, comparada à medida atingida na fase adulta madura.

Maiores

A gravidade também altera a estatura. Pela manhã, com o relaxamento proporcionado pelo sono e a posição horizontal, somos mais altos do que no fim do dia.

Alteração óssea

Um estudo alemão, realizado com 1,2 mil adultos, revela que o tamanho dos ossos também influi na estatura do idoso. Dados coletados na avaliação dos raios X mostram que os discos vertebrais da região lombar aumentam de altura até a pessoa atingir 70 anos, em homens e mulheres. Ao mesmo tempo, a maior parte das vértebras ficou menor com a idade. Também foram identificadas outras alterações, como aumento da concavidade e menor

Envelhecer é sinônimo de encolher. Assim como os cabelos brancos e a pele enrugada são sinais do tempo, ficar mais baixo é uma característica da idade. "A principal causa é a perda de líquido. Os discos intervertebrais desidratam e diminuem, comprimindo a coluna vertebral, o que achata a silhueta. Somado ao desgaste natural da estrutura e à perda de massa óssea, o indivíduo perde altura", explica o médico ortopedista Bruno Moura, do Hospital Vita, de Curitiba.

Formado por material fibroso e gelatinoso, os discos intervertebrais funcionam como amortecedores na coluna. Quando hidratados, proporcionam conforto e contribuem para a estatura. A compressão que ocorre ao longo do dia, provocada pela gravidade, altera a altura. Na velhice, esse efeito compressor acumulado é permanente.

A descalcificação óssea, que torna o esqueleto poroso e mais frágil, também contribui para o idoso ficar mais baixo. Um estudo alemão, realizado com 1,2 mil pacientes, mostrou os efeitos da perda de massa óssea na estatura do indivíduo. "As vértebras também ficam alteradas com a idade. As lombares crescem até a pessoa completar 70 anos, em ambos os sexos. Mas a maior parte das vértebras fica menor. Também há modificações no formato. A densidade alterada deixa a região central mais baixa. A concavidade também aumenta", explica o médico ortopedista Fábio Ravaglia, especialista em ortopedia reumatológica.

Cuidados

A perda de massa óssea é inevitável com a idade. Na mulher, a menopausa é um marco importante. "O fim da produção de estrogênio altera a captação de cálcio dos alimentos para fixação no osso. Na menopausa, o cálcio necessário ao organismo é retirado do osso", explica Moura. Nos homens, o processo de osteopenia, que é a alteração da densidade óssea, começa a partir dos 60 anos. Os efeitos dessa descalcificação serão maiores ou menores de acordo com a reserva do indivíduo. "Adotar uma alimentação rica em cálcio, praticar constantemente exercícios físicos, ter uma exposição solar saudável, não fumar e beber são essenciais para a saúde dos ossos", diz.

O monitoramento da qualidade do osso é fundamental para prevenir danos. O exame facilita o diagnóstico precoce da osteoporose, doença que aumenta o risco de fraturas e quedas. Mesmo o uso de medicamentos comuns na terceira idade pode alterar a densidade óssea, como os corticóides. Doenças degenerativas típicas do envelhecimento, como artrite e artrose, também contribuem para o achatamento do esqueleto. A artrose, caracterizada pela perda de cartilagem e endurecimento de articulações, torna o movimento mais doloroso. "A dor reduz a atividade física do indivíduo, o que atrofia a musculatura e a estrutura óssea. É um círculo vicioso que precisa ser quebrado", observa o fisioterapeuta Léo Boiarski Ribeiro, especialista em Reeducação Postural Global (RPG) e osteopatia, técnica de manipulação músculo-esquelético indicada para correção de postura. Depressão e Alzheimer também afetam a postura do indivíduo. "O aspecto emocional é determinante na postura. O Alzheimer, que altera o comportamento e induz à regressão emocional, tem reflexos físicos. Aos poucos, o paciente vai encolhendo, até chegar à posição fetal", observa o fisioterapeuta.

Exercícios

Mexer o esqueleto é uma das formas mais eficientes de adiar os efeitos da degeneração de discos intervertebrais e preservar a qualidade do osso. A atividade física fortalece a musculatura, que sustenta o sistema esquelético, e melhora a oxigenação da massa óssea. "A inatividade é um perigo para o idoso. O músculo atrofiado fica fibroso e mais difícil de recuperar. Na terceira idade, as estruturas encurtadas e tensionadas tornam o trabalho de reabilitação mais limitado. Por isso é importante estar em movimento, praticar esportes e caprichar no alongamento", ensina Ribeiro.

Espreguiçar por dez minutos antes de dormir já um exercício profilático importante para a higiene postural. A descompressão das articulações permite a reidratação dos espaços interdiscais. A dica é fazer movimentos confortáveis, que não exijam esforço ou provoquem dor. "É uma medida preventiva. É importante saber ouvir o que o corpo está pedindo. Se as pernas doem, é preciso alongar a coxa e a panturrilha. Essa consciência corporal é que ajuda a corrigir a postura", diz.

O segredo é treinar o organismo para dar as respostas desejadas. A funcionária pública aposentada Eliana Maria Queiroz Santana, de 55 anos, trabalhou por anos em cima de processos no sistema judiciário. O esforço repetitivo, aliado ao diagnóstico de fibromialgia, formava um quadro de dor crônica limitante. Há dois anos o tratamento intensivo deu nova perspectiva a Eliana. "Não tinha consciência que minha postura poderia influir tanto no meu bem-estar. A cada dia faço um trabalho diferente. Dependendo da resposta do exercício, consigo equilibrar o uso de analgésicos para a dor", diz.

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