Unfried conta como teria sido o crime

A Gazeta do Povo teve acesso, com exclusividade, às declarações dadas por Paulo Delci Unfried às promotoras de Justiça de Matinhos. O documento, anexado às páginas 639 e 640 do processo 2009/3987-4, em que Juarez Ferreira Pinto figura como réu, mostra que Unfried confessa ser o verdadeiro autor dos disparos que mataram Osíres Del Corso e feriram sua namorada, Monik Pegorari de Lima. O crime aconteceu no dia 31 de janeiro.

Segundo Unfried, a arma utilizada no crime foi adquirida entre outubro e novembro do ano passado por R$ 700. No dia do crime, ele teria subido ao Morro do Boi para testá-la. Ao chegar a gruta localizada no topo do morro, encontrou um casal que estava prestes a ter relação sexual. Unfried, então, teria anunciado o assalto. No momento em que Monik estaria entregando a bermuda a Unfried, onde provavelmente estava com o dinheiro guardado, Osíris teria reagido, sendo baleado em seguida.

Pela versão de Unfried, ele não teria violentado Monik e nem voltado ao local do crime depois, como aponta a versão da vítima Monik. Unfried também não soube descrever a posição em que o casal estava (se em pé, deitado ou de bruços) no momento em que os encontrou. Ele também não soube explicar as roupas que as vítimas trajavam. Afirmou apenas que Monik estava com uma bermuda.

Na entrevista coletiva concedida na última terça-feira, o delegado responsável pelo caso, Luiz Alberto Cartaxo, disse que as declarações de Unfried eram contraditórias. "Há coisas que ele (Unfried) relata que não pertencem à cena do crime e coisas que ele não relata e que são importantes", afirmou Cartaxo. De acordo com a investigação da polícia, ainda, a arma foi adquirida por Unfried no início de janeiro deste ano.

As promotoras de Justiça de Matinhos, Caroline Dias Aidar de Oliveira e Fernanda Maria Campanha Motta, também consideram, segundo nota divulgada na terça-feira, as declarações de Unfried "contraditórias com a prova colhida até agora nos autos, em especial com as palavras da vítima, denotando que a confissão não encontra amparo no presente processo".

Antes da reviravolta no caso, tanto Cartaxo quanto Carolina chegaram a declarar publicamente não ter dúvidas em relação à autoria do crime do Morro do Boi. Mesmo sem provas periciais contra Juarez, ambos disseram acreditar que ele é o verdadeiro culpado.

Depois que os indícios contra Unfried foram divulgados, Cartaxo disse que a polícia não tinha errado anteriormente ao acusar Juarez. Além disso, a prova testemunhal contra o réu (o reconhecimento feito por Monik), segundo ele, não seria menos importante que a prova pericial (exame de balística) contra Unfried. "Será o conjunto probatório que dirá quem é o autor do crime", disse o delegado. Carolina não se pronunciou sobre o caso depois da reviravolta.