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Envelhecer não é sinônimo de reclusão, isolamento ou ociosidade. Pelo menos não para os idosos que freqüentam atividades desenvolvidas especialmente para eles em três universidades em Curitiba (PUC, UFPR e Unicenp). E olha que os "velhinhos" têm energia de deixar muito estudante regular do ensino superior de queixo caído. Nada contra tricô ou crochê. A turma "da melhor idade" vai aos câmpus atrás de aulas de musculação, ginástica, hidroginástica, natação, dança, gincanas, palestras, cinema, artesanato, línguas estrangeiras, nutrição, informática. Ufa? Ainda não. Também organizam passeios pela cidade, fazem festas temáticas e participam de oficinas de auto-conhecimento e terapias de grupo.

Quem tem força para fazer um pouco disso tudo não liga de pegar três ônibus duas vezes por semana para ir até o Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, no Jardim das Américas – como faz o casal Malvina, 71 anos, e Aderbal Cardoso, 76 anos. Incansável, ela ainda faz questão de sair mais um dia de casa, no bairro Solitude, para ir até o Centro Universitário Positivo, no Campo Comprido, participar de sessões de Fisioterapia em grupo. "A gente sabe que é para o nosso bem, não adianta ficar em casa, enrolado no cobertor e assistindo à televisão", diz.

Acertou em cheio. O psicólogo e gerontólogo João De Bakker Filho, coordenador do programa para idosos da PUC-PR, diz que a intenção das atividades é justamente promover a reintegração social dos participantes, recuperar sua auto-estima e independência. "Os cursos não graduam nem especializam, mas reciclam a maneira de ser e de viver o processo de envelhecimento de uma forma mais saudável", afirma.

A reciclagem, no entanto, não pode ser a qualquer custo. Para a psicóloga Débora Pinheiro, responsável pelo grupo da terceira idade da Clínica de Psicologia do Unicenp, é preciso ter cuidado para não criar uma ditadura da arte do bem viver. "As pessoas são livres para fazer suas escolhas", diz ela. "Se o [eventual] isolamento do idoso não for patológico, tudo bem."

Em duas das três instituições que oferecem atividades específicas para a terceira idade há a participação de acadêmicos. Em julho a programação costuma ser interrompida devido ao recesso escolar, mas ainda dá tempo de obter informações para o segundo semestre (veja infográfico).

Atividades

Não é só o casal Malvina e Aderbal que não economiza esforços para participar dos programas. Maria da Costa Camargo Amarante, 88 anos, dribla a dificuldade de se locomover com ajuda de muletas para freqüentar aulas de pintura, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Ela só consegue chegar ao local porque pega carona com a colega de sala Noêmia de Manuel, 85 anos. "Eu prefiro ficar aqui do que em casa. Vou continuar pintando até quando tiver forças", diz Maria da Costa.

Algumas atividades ajudam – e bastante – no dia-a-dia. "Eu estranhava muito os botões, os termos específicos e tinha medo de estragar. Hoje é meu marido que recorre aos meus conhecimentos", diz a professora aposentada, Leda Maria Gomes, 61 anos, orgulhosa de seu aprendizado de informática na PUC.

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