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Passageira não integrada

Cleonice Aparecida Serrassa, 56, está entre os usuários do transporte coletivo metropolitano que se sentiram prejudicados com a proibição de embarque nas linhas não integradas dentro de Curitiba. Ela mora no Uberaba há 16 anos e diz que sempre utilizou as linhas que veem de São José dos Pinhais para vir ao centro de Curitiba.

Ontem, porém, ela ficou surpresa ao ver três ônibus diferentes passarem reto pelo ponto onde ela aguardava o coletivo.

"Estávamos em três pessoas no ponto e não entendíamos porque os motoristas não paravam. O terceiro parou mais para frente para o desembarque de duas passageiras e elas nos contaram que o motorista estava proibido de parar ali", conta a telefonista.

Cleonice utilizava o cartão VEM e pagava uma tarifa mais alta do que a da RIT (R$2,95) porque ali há mais opções de ônibus não integrados metropolitanos que param próximo do local de trabalho dela e que fazem o percurso da Avenida das Torres sem desvios. "Agora, vou ter de sair meia hora mais cedo de casa para pegar um ônibus que desvia por dentro do bairro".

A telefonista vê a medida como algo que vai impactar negativamente na vida da população e crítica a gestão da Prefeitura de Curitiba. "Ele [Gustavo Fruet] está querendo arrecadar de tudo quanto é lado e acaba sobrando para a gente".

A Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) colocou em prática, na semana passada, algo que estava previsto desde a licitação do transporte coletivo de 2010, mas que acabou pegando muitos passageiros e motoristas de surpresa: ônibus de 76 linhas metropolitanas não integradas não poderão mais embarcar passageiros em pontos de Curitiba com destino ao Centro da capital.

Na semana passada, empresas foram multadas. No entanto, a Urbs não vai informar os nomes das companhias porque ainda cabe defesa.

A fiscalização da Urbs pretende coibir, por exemplo, que um ônibus não integrado vindo de São José dos Pinhais pegue um passageiro no trecho curitibano da Avenida das Torres com destino ao Terminal do Guadalupe.

Na prática, a Urbs quer impedir a fuga de receita da Rede Integrada de Transporte (RIT). O convênio da prefeitura com a Comec, órgão estadual, permite que apenas passageiros do sistema metropolitano integrado utilizem o cartão transporte – o mesmo usado nas linhas que circulam apenas em Curitiba e que compõem a tarifa técnica da RIT.

Segundo a Urbs, a medida está amparada na Lei 12.597/2008. Essa legislação trata do regime jurídico da prestação de serviço do transporte coletivo de Curitiba e, de acordo com o texto, "o poder público pode conjugar áreas locais e áreas estruturais para efeitos de outorga da concessão". Isso quer dizer que apenas as linhas dos três lotes que compõem a Rede Integrada de Transporte – cuja licitação ocorreu em 2010 – podem operar o transporte em Curitiba.

A reportagem questionou a Urbs sobre quantos motoristas foram flagrados cometendo a irregularidade e quais sanções são impostas às empresas nesse caso, mas não teve retorno das informações até o fechamento desta reportagem.

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