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Líder da colônia árabe condena uso do cachimbo

O presidente da Associação Cultural Sírio-Brasileira de Foz do Iguaçu, Mohamad Barakat, considera o narguilé um dos males trazidos pelos árabes ao Brasil. "Eu sou absolutamente contra o narguilé. Se fosse vereador, faria uma lei proibindo o uso na cidade", diz.

Segundo Barakat, infelizmente o costume está difundido no Líbano, mas em alguns países europeus, como a França, é praticamente proibido fumar na rua. Para ele, a difusão do costume e a liberdade para fumar o narguilé no Brasil representam um retrocesso para o país.

Drogas

Para o médico psiquiatra e secretário Antidrogas de Foz do Iguaçu, José Elias Aiex Neto, o problema atual do uso do cachimbo tem a ver com o fato de não se saber o que os jovens estão usando. "Temos ouvido falar que eles estão colocando vodca, maconha ou haxixe", diz. Segundo ele, o próprio tabaco, normalmente usado no narguilé, já causa dependência. Para Aiex, a comunidade precisa ficar alerta. "Cada vez mais a sociedade está investindo em motivos para se criar ilusões e fantasias e o narguilé é um facilitador", diz.

Onde há uma roda de jovens em Foz do Iguaçu existe grande chance de encontrar um narguilé passando de boca em boca. O cachimbo d’água, como é conhecido, tornou-se febre na cidade anfitriã da segunda maior colônia árabe-libanesa do Brasil. Mas também levou a Vara da Infância e Juventude a emitir um ofício alertando proprietários de bares, lanchonetes, pais e responsáveis: fornecer narguilé para crianças e adolescentes é crime.

O Comissário de Vigilância do Juizado de Menores de Foz do Iguaçu, Delson Paulo Alves, explica que a medida foi tomada porque a Vara da Infância começou a receber inúmeras denúncias via telefone sobre a venda ou fornecimento de narguilé para adolescentes da cidade. "Nós estamos esclarecendo o que está escrito na lei", diz. De acordo com o ofício, assinado pelo juiz Rui Muggiati, adultos flagrados entregando narguilé a crianças e adolescentes podem ser presos e pegar pena de dois a quatro anos, além de pagar multa. O mesmo vale para os adolescentes, que correm o risco de serem apreendidos caso sejam flagrados fumando.

A medida, de acordo com Alves, está prevista no artigo 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O mesmo ofício alerta os responsáveis sobre os perigos do narguilé, também conhecido como arguile, hookah ou shisha, cujo tabaco vem sendo misturado com outras substâncias químicas, tais como vodca e aguardente, causadores de dependência física e psíquica. A decisão da Vara da Infância causou furor entre os jovens de Foz do Iguaçu, cidade onde brasileiros assimilaram o costume, bastante comum entre árabes, indianos e turcos. Também mereceu milhares de registros na Comunidade Arguile, do site de relacionamentos orkut – que tem 49.876 membros.

Em Foz, onde vivem cerca de 12 mil imigrantes e descendentes de árabes, colônia só menor do que a de São Paulo (SP), não é difícil encontrar estudantes adeptos ao cachimbo. Boa parte deles, incluindo adolescentes menores de 18 anos, faz uso de narguilé com o consentimento dos pais e diz não sentir dependência da substância. "Comecei a fumar com o meu irmão que tinha vários amigos árabes", diz Poly, 16 anos, (nome fictício). A estudante acabou comprando um narguilé e hoje não passa um dia sem dar uma tragada.

Não é difícil conseguir um cachimbo. O aparelho, onde é colocada água na base e carvão para queimar o tabaco de diversos aromas, no topo – é vendido no comércio ou alugado nos bares por até R$ 10 a hora. "Até minha irmã de sete anos fuma", diz um adolescente árabe.

Apesar da liberdade, alguns deles reconhecem o perigo. O estudante de Direito João Alberto Nakamura Júnior, 19 anos, diz que começou a fumar cigarro depois de passar a usar o narguilé. Júnior conseguiu abandonar o vício após seis anos, mas continua adepto ao narguilé, mesmo sabendo que o tabaco contém substâncias prejudiciais à saúde, incluindo a nicotina e alcatrão. "Existe uma lenda que toda impureza do fumo é filtrada na água, mas não é verdade", alerta.

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