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A dona de casa Celi Ramos, de 63 anos, toma seis tipos de medicamentos e diz que já sentiu a boca dormente depois de tomar a dose errada de um remédio | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
A dona de casa Celi Ramos, de 63 anos, toma seis tipos de medicamentos e diz que já sentiu a boca dormente depois de tomar a dose errada de um remédio| Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo

Evite

Algumas recomendações dos médicos para evitar problemas com o uso de mais de um medicamento:

Rins

Pacientes com problemas renais devem evitar uso de antiinflamatórios.

Pressão alta

Os pacientes que sofrem de pressão alta devem tomar cuidado com remédios para a gripe porque alguns podem elevar a pressão.

Estômago

Pacientes que têm problemas gástricos devem evitar antiinflamatórios e aspirina.

Perfil

Pesquisa mostra que a maioria usa até quatro medicamentos

Motivo de preocupação, a polimedicação em idosos é um dos objetos de pesquisa da área médica. Em 2007, um estudo realizado no município de Tubarão (SC) com 104 pacientes, homens e mulheres entre 60 e 79 anos que participavam de programas da saúde da família, indicou que 51,9% dos entrevistados foram classificados na categoria de polimedicação menor – uso de dois a quatro medicamentos. Outros 28,8% se enquadraram na classe de polimedicação maior – utilização de cinco ou mais remédios. O restante não usava remédios ou tomava um.

A pesquisa, feita por pesquisadores do Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde e de Ciências Aplicadas da Universidade do Sul de Santa Catarina, revelou ainda que a média de uso de medicamentos para cada paciente era de 3,5 e que o número de doses diárias chegava a 5,4. Segundo o estudo, 16,5% dos participantes corriam risco de ter problemas relacionados ao uso de medicamentos. Doenças cardiovasculares, cardíacas e circulatórias foram as mais comuns entre os idosos, seguidas por problemas endócrinos, como a diabete e do sistema nervoso central – insônia e depressão.

Prática conhecida como polimedicação, o uso simultâneo de remédios pode provocar desde um mal-estar gástrico a reações alérgicas graves quando não há orientação médica. Na terceira idade, fase na qual a combinação de remédios é comum por causa da necessidade de tratar duas ou mais doenças, é preciso mais atenção e cuidados na hora de tomar as doses, alertam os médicos.

Os idosos têm uma composição corpórea diferente de um jovem. Apresentam diminuição da massa muscular e da água corporal, além de um metabolismo mais lento. A capacidade de funcionamento do fígado e do rim não é a mesma, o que dificulta a metabolização e a eliminação dos remédios. Isso pode provocar acúmulo de substâncias tóxicas no organismo e reações mais intensas à combinação errada de medicamentos, o que pode até levar à morte.

Segundo o geriatra Paulo Luiz Honaiser, a polimedicação pode aumentar o efeito de um medicamento e bloquear a ação de outros. Uma das combinações mais perigosas, exemplifica, é usar anticoagulantes – que servem para evitar a formação de coágulos dentro de veias e artérias – com medicamentos que podem aumentar o efeito desse remédio ou bloqueá-lo. A aspirina, por exemplo, tem potencial para aumentar o efeito anticoagulante, o que pode causar hemorragias. Já alguns diuréticos podem bloquear este efeito benéfico do anticoagulante.

Automedicação

Neurogeriatra do Hospital das Clínicas da Universidade Fe­­deral do Paraná (UFPR), Mauro Piovezan alerta que outro problema, além da combinação errada de remédios, é o mau hábito da automedicação, que aumenta a possibilidade de interação entre os remédios e de efeitos adversos no organismo. "É preciso julgar todas as possíveis interações que possam ocorrer", alerta o médico.

Entre os erros mais comuns observados em idosos que adotam a polimedicação estão não tomar medicamento no horário programado, tomar o medicamento na dosagem errada e não identificar o remédio correto, diz Piovezan.

Na terceira idade, em geral, a com­­binação de remédios é usada para combater ou controlar a pressão alta, diabete, artrose, osteoporose e doenças neurológicas, como demência e mal de Parkinson, que aparecem com mais frequência nesta fase da vida. Também é co­­mum os idosos passarem a usar um remédio a partir da indicação de amigos e vizinhos. Os médicos condenam a prática porque um remédio que fez bem para uma pes­­soa pode não ser bom para ou­­tra. Por isso, antes de usar qualquer medicamento é preciso orientação, principalmente quando já se usa um remédio com regularidade.

Cuidados

A dona de casa Celi Ramos, 63 anos, moradora de Foz do Iguaçu, sabe bem o que é correr riscos em razão do mau uso de remédios. Apesar de não ter tido um problema grave decorrente da combinação de medicamentos, ela diz que já sentiu a boca adormecer depois de ter tomado a dose errada de um remédio, em meio a outros que já usava. Também diz saber histórias de conhecidos que tomaram remédio de forma inadequada.

Portadora de diabete, há mais de 10 anos Celi toma seis diferentes tipos de remédios, não apenas para controlar a doença, mas também para problemas no estômago e colesterol. Cuidadosa, ela só ingere remédios com o conhecimento dos médicos, no horário certo e na quantia recomendada. "Faço tudo certo, ainda mais eu que tenho diabete", afirma.

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