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Hospital Evangélico não apresentou os protocolos de procedimentos da UTI, apesar dos pedidos | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Hospital Evangélico não apresentou os protocolos de procedimentos da UTI, apesar dos pedidos| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Outro lado

Hospital não se manifesta; advogado contesta reportagem

Procurado pela reportagem, o Hospital Evangélico informou, via assessoria de imprensa, que não iria se pronunciar sobre o relatório parcial da auditoria neste momento.

Após a mudança da equipe que conduzia a UTI Geral do Hospital Evangélico, a Secretaria Municipal de Saúde disse ter recebido todos as informações solicitadas à diretoria. Em nota, a pasta ressaltou que o hospital oferece serviços de qualidade e segurança para os pacientes que necessitam de terapia intensiva.

Elias Matar Assad, advogado da médica Virgínia Soares, não atendeu os telefonemas da reportagem para comentar especificamente as informações parciais da auditoria.

Em nota, porém, o advogado criticou a conotação dada por reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, divulgada no domingo. Na matéria, Virgínia afirma que "nunca abreviou a vida de ninguém" e que acredita ser vista como "um demônio" pela sociedade.

O principal ponto da reportagem, porém, é a contestação que o cardiologista José Eduardo Siqueira, membro da Associação Internacional de Bioética, faz ao uso do medicamento Pavulon. Ele afirma que a medicação só deve ser aplicada em pacientes ainda não entubados, justamente para facilitar o funcionamento do aparelho de respiração. Já os casos investigados pela polícia apontam que a substância – paralisante de músculos, inclusive usados na respiração – era ministrada pouco antes da morte e com a pessoa já entubada.

A Secretaria de Saúde de Curitiba divulgou ontem um relatório parcial de auditoria realizada nas Unidades de Terapia Intensiva de oito hospitais de Curitiba conveniados ao Sistema Único de Saúde. De acordo com a pasta municipal, a UTI Geral do Hospital Evangélico, onde trabalhava a médica Virgínia Soares – suspeita de abreviar a vida de pacientes –, não forneceu informações sobre protocolos de procedimentos, apesar de reiterados pedidos.

"A auditoria solicitou os protocolos reiteradas vezes e não os recebeu. Se existiam, não foram repassados para a comissão. Por isso, subentendemos que não existiam [antes da mudança na gestão da UTI] protocolos e que as condutas eram realizadas sob concepção das pessoas que lá trabalhavam. Isso é muito frágil e mostra vulnerabilidade no serviço", afirmou Adriano Massuda, secretário municipal de Saúde.

Segundo Maria Eugênia Costa, coordenadora da secretaria na sindicância, o Hospital informou que seguia os protocolos, mas não os apresentou fisicamente. "Eles disseram que seguiam pelas avaliações que tinham por internet, mas não os disponibilizaram para a comissão", disse.

De acordo com Massuda, porém, o fato do Hospital não ter apresentado os protocolos não incrimina as suas condutas médicas. "A polícia está investigando isso e não cabe a secretaria avaliar se essa ação foi utilizada para abreviar vidas," afirmou, antes de fazer uma ressalva. "Analisando os prontuários do Evangélico, há questões nas quais você tem dificuldade de justificar do ponto de vista técnico".

Protocolos

Lobato, o auditor do Ministério da Saúde responsável pela coordenação da sindicância, disse que o Hospital Evangélico não apresentou os protocolos por três vezes e apontou outras dificuldades em obter informações do local. "Eles também não informaram as escalas de plantão da doutora Virginia e não apresentaram o contrato de trabalho dela. Por isso tudo, é possível inferir que ela agia de acordo com o próprio arbítrio", afirmou.

No total, a Secretária da Saúde diz ter analisado 130 leitos de UTI gerais adultas dos oito hospitais avaliados: Hospital das Clínicas, Cruz Vermelha, Evangélico, Santa Casa, Hospital do Trabalhador, Zilda Arns, São Vicente e Cajuru. Ainda serão auditados os leitos de UTIs especializadas, como as de cardiologia e oncologia.

Durante a auditoria, foram avaliados itens como organização, desempenho global e padrão de funcionamento, recursos humanos disponíveis, processo de trabalho e acesso aos recursos materiais. A pasta municipal diz não ter encontrado inconformidades que colocassem a segurança de pacientes em risco, mas apenas problemas administrativos.

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