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A reportagem da Gazeta do Povo esteve na esquina da Rua Marechal Deodoro e da Avenida Marechal Floriano, no centro de Curitiba, por pouco mais de meia hora na tarde de sexta-feira e flagrou cerca de 20 motoristas sem cinto de segurança – homens e mulheres de várias idades. Entrevistados, eles alegaram os mais diversos motivos para estar sem o equipamento.

A maioria dos motoristas se defendeu dizendo que se tratava de distração, razão alegada por um sexto dos que disseram não usar o cinto na sondagem da Paraná Pesquisas. Ao ser perguntado por que estava sem o cinto, o tecnólogo Clayton Riva, 21 anos, imediatamente alcançou o seu e o colocou. Curiosamente, ele foi o único entrevistado que teve essa reação. Todos os outros continuaram o percurso sem a proteção. Um deles afirmou que tinha acabado de sair de um estacionamento nas redondezas, mas sempre usa o cinto. O comerciante José Carlos Mello também disse ser um usuário fiel, mas que justamente anteontem havia se esquecido. Além disso, tinha recebido uma injeção no ombro por cima do qual o cinto passa.

Desculpas

Segundo a Paraná Pesquisas, o incômodo foi o motivo apontado por cerca de 40% dos motoristas que disseram não usar o cinto. Um dos entrevistados numa das esquinas mais movimentadas da cidade, que não quis dar o nome, disse que era claustrofóbico (claustrofobia é um mal que se caracteriza pelo medo de estar em lugares fechados). "Há acidentados que reclamam das marcas roxas diagonais que ficam no tronco depois de um acidente em que o cinto as segurou. São chamadas sinais do talabarte, por causa da faixa que é usada por policiais e músicos. Mas é um preço muito pequeno a pagar comparado com o que aconteceria se a pessoa estivesse sem o cinto", diz o ortopedista Gérson de Sá Tavares Filho, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

O professor Lúcio Carlos, por sua vez, argumentou que o cinto de seu carro não funcionava direito. Os problemas na trava do cinto foram mencionados por quase 10% dos motoristas que não usavam cinto ouvidos na sondagem. "É muito difícil a catraca do cinto não travar direito, apenas em carros mais antigos", explicou Edílson do Couto, da Auto Equipe Oficina. O valor do conserto varia de acordo com o veículo. Em importados, pode chegar a R$ 300, mas a média de carros populares fica em torno de R$ 100.

Dirigindo um utilitário, Fábio Maurelo disse que, por ter de fazer entregas em vários pontos próximos, entrava e saía do carro muitas vezes. A sorte dos motoristas entrevistados foi não ter por perto o ortopedista Marcelo Abagge, do pronto-socorro do Hospital do Trabalhador. "Se eu vejo alguém parado no sinal sem o cinto, não penso duas vezes: abaixo o vidro do meu carro e falo mesmo! Isso vale também para quem leva criança no banco da frente", conta. Para o médico, o controle comunitário é um dos melhores meios para que todos passem a usar o cinto. (MAC)

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