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Após 2 anos e meio de serviço, a Vara Especializada de Lavagem de Dinheiro do Paraná (2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba) tem 332 ações penais e 1.304 inquéritos policiais sobre crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro, especialmente por evasão de divisas. O caso Banestado é o principal deles, por representar o ápice da evasão de divisas na segunda metade da década de 90. A rota ia de Foz do Iguaçu para a agência do Banestado em Nova York, pelas contas CC5 – usadas para enviar dinheiro ao exterior.

Hoje, as investigações apontam para um novo esquema, o dólar-cabo, um esquema de compensação. Ele é feito na base da confiança e, segundo a delegada federal Erica Mialik Marena, os doleiros usam o dólar-cabo para não deixar rastro do dinheiro. "Normalmente, o doleiro já tem o dinheiro lá fora, fazendo as transferências no exterior", diz a delegada. Para o procurador da República Vladimir Aras, o dinheiro ilegal enviado pelo sistema dólar-cabo é infinitamente maior que os valores das contas CC5.

A Receita Federal identificou que 3.836 pessoas depositaram dinheiro em contas laranjas que alimentavam as CC5. Foram instaurados 300 inquéritos com relação aos depositantes no Paraná e houve quebra do sigilo bancário de contas de doleiros no exterior. Só nas contas da casa bancária Beacon Hill foram identificadas 9.648 pessoas; 4.131 delas tinham movimentação significativa e 296 eram agentes públicos – servidores ou políticos.

Os principais réus das ações em andamento na Vara de Lavagem de Dinheiro são doleiros e diretores e funcionários de bancos. Nas ações mais graves, o normal é a Justiça seqüestrar os bens dos suspeitos e, embora a prisão antes do julgamento seja exceção, dezenas de pessoas foram presas desde 2003, como os doleiros Alberto Youssef (já condenado), Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona (preso desde agosto de 2004), Divonzir Catenace (preso desde agosto de 2003) e Helio Laniado (preso na República Tcheca em setembro do ano passado, com pedido de extradição). Entre os condenados no esquema, 15 eram diretores e gerentes do Banestado e tinham envolvimento direto com os doleiros. As sentenças ainda estão com recursos em análise.

Apesar do sucesso das investigações, o Ministério Público Federal está reduzindo a sua equipe na Força-Tarefa das Contas CC5. Dos cinco procuradores da República que atuam no caso, ficarão apenas dois em Curitiba. A força-tarefa trabalha hoje em parceria com o governo norte-americano e não depende de negociações diplomáticas, conseguindo investigar e bloquear dinheiro diretamente. O juiz federal Sérgio Moro, titular da Vara de Lavagem de Curitiba, não quis comentar o assunto.

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