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Outono é o vilão da saúde

O outono é o vilão da saúde, afirmam especialistas. A mudança brusca de temperatura, característica da atual estação, aumenta o risco de doenças, especialmente em idosos e crianças. É a chamada amplitude térmica, ondas de frio e calor em curto espaço do tempo. O Laboratório de Poluição da USP contabilizou os efeitos dos extremos de temperatura. Em dias de temperatura abaixo dos 10 graus, sete idosos morrem a mais por dia só na cidade de São Paulo.

São dois os fatores que influenciam na amplitude térmica, diz Helena Ribeiro, geógrafa da Faculdade de Saúde Pública da USP: a devastação da vegetação e a poluição. Os extremos de frio e calor (mais acentuados desde 2005) são consequências direta do aquecimento global e, conforme pesquisa de Helena, os mais pobres sofrem mais.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) testa uma nova ferramenta capaz de prever, com até uma semana de antecedência, quantas internações hospitalares são provocadas por influência do clima. Na prática, será possível saber o acréscimo de pacientes com crises respiratórias e cardíacas em semanas marcadas por calor, frio, alta concentração de gases tóxicos. O estudo está sendo feito inicialmente em 13 capitais do Brasil, entre elas Curitiba. Quando concluído, permitirá descobrir – do mesmo modo como hoje se sabe que vai chover ou esfriar amanh㠖 dados sobre aumento de internações por bronquite ou asma, por exemplo.

A aplicação da "meteorologia da saúde" foi idealizada pela pesquisadora Micheline Coelho para nortear estratégias de prevenção e atendimento, pois o combinado de fatores meteorológicos e gases tóxicos é responsável por crises respiratórias, enfartes, derrames e até mortes. Micheline usa o Modelo Brasileiro de Clima e Saúde, que adota o mesmo princípio da previsão do tempo, cruzando-o com números de internações. "Em breve, além da agricultura, a meteorologia poderá auxiliar mais uma área da sociedade: a saúde."

Há quatro anos Micheline avaliou registros de 67.538 internações em São Paulo por asma, bronquite e pneumonias, cruzados com dados de temperatura do Instituto de Astronomia da USP e medições de poluição. Concluiu que, quando a concentração de dióxido de enxofre (SO2) aumenta até 0 a 10 miligramas por metro cúbico, as internações por motivos respiratórios crescem 13,9%. No caso do monóxido de carbono (CO), a variação de 0 a 16 ppm provoca 82,6% a mais de pacientes internados.

Ensaios clínicos respaldam a necessidade de uma ferramenta para aferir impactos meteorológicos no movimento dos hospitais. O último estudo, do Laboratório de Poluição da USP, atestou que ondas de frio (quando termômetros mudam bruscamente de temperatura) provocam sete mortes de idosos a mais por dia. Quando o fenômeno é inverso, ondas de calor, são três pessoas com mais de 65 anos que não sobrevivem no dia. O corpo humano não está preparado para lidar com extremos, por isso o aquecimento global é tão nocivo.

Com base em 12 mil vítimas de enfarte, a Sociedade Paulista de Cardiologia (Socesp) atestou que quando a temperatura passa de 27 graus, casos de pane no coração sobem 11%. Quando abaixo dos 10 graus, ocorrências cardíacas sobem 33% em um único dia. O Hospital das Clínicas de São Paulo está concluindo ensaio que relaciona o aumento da poluição à infertilidade masculina. No mês passado, a Revista de Saúde Pública concluiu que em concentrações de poluentes maiores do que o padrão seguro, os diabéticos sofrem quase três vezes mais problemas cardíacos do que os não diabéticos.

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