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Da esquerda para a direita: Willian Lobo, Fabiane Bogdanovicz, Paulo Facin, André dos Santos e Diogo Rentz, veganos unidos, | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Da esquerda para a direita: Willian Lobo, Fabiane Bogdanovicz, Paulo Facin, André dos Santos e Diogo Rentz, veganos unidos,| Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Ativismo

Conheça algumas iniciativas apoiadas por grupos de defesa animal:

Circo legal não tem animal – A Lei 16.667, de 2010, proíbe a utilização de animais em apresentações circenses em todo o Paraná. A legislação foi elaborada com o apoio de grupos de defesa dos direitos animais no estado, e também valorizam o artista circense.

Testes em animais – Quem adere ao veganismo deixa de utilizar produtos que tenham sido testados em animais. Em sites que promovem a ideologia, é fácil encontrar listas de produtos sem esse tipo de teste.

Adotar é melhor– Veganos são contra a comercialização de animais. Ao invés disso, incentivam a adoção de animais abandonados e a guarda responsável. Algumas organizações promovem feiras de adoção.

Rodeios – Nenhuma cidade do Paraná proíbe rodeios, mas os grupos, em algumas situações, conseguem decisões judiciais para proibir o uso de instrumentos que possam machucar os animais durante esses eventos, como as esporas. Isso já aconteceu em Maringá e em Ponta Grossa, por exemplo, quando foram denunciados maus tratos a animais presentes em rodeios.

Escusa de consciência – Conhecida pelo termo escusa de consciência é o direito, previsto na Constituição brasileira, de ninguém pode ser privado de uma atividade em razão de sua crença religiosa, convicção filosófica ou política. Para tanto, basta realizar uma atividade equivalente. Com esse princípio, é comum que alguns estudantes universitários veganos se recusem a participar de exercícios laboratoriais em cursos que incluam o uso de animais, como acontece em cursos na área da saúde.

  • Clélia Angelon criou. há 20 anos, uma linha de cosméticos vegana

Os animais não são propriedade dos humanos. Esse princípio orienta a alimentação, o consumo e o estilo de vida de quem opta pelo veganismo. Os veganos não utilizam produtos e serviços que incluam o uso de animais para a alimentação– carnes, ovos, laticínios, mel, gelatina e alguns tipos de corante – o vestuário e o entretenimento, como circos e rodeios.

O veganismo considera preceitos éticos e filosóficos, como explica a filósofa Sônia Felipe, fundadora da Sociedade Vegana, organização que promove os direitos animais e o modo de vida vegano. "Nós atuamos em todos os casos em que os animais são explorados para atender necessidades humanas", diz. Os adeptos não consideram justo usar a vida de outros animais, principalmente se há alternativas.

Além de mudar os próprios hábitos, os veganos também se organizam em grupos para incentivar esse estilo de vida com ações informativas e educativas. No Paraná, é o caso de grupos como os Abolicionistas Veganos (Aveg), de Ponta Grossa, o Maringá Vegano e o curitibano Onca Defesa Animal, que completou dez anos de atuação em setembro. Em dois sábados por mês, os integrantes distribuem panfletos para divulgar o veganismo, com informações sobre alimentação, testes em animais e princípios éticos, além de promover palestras educativas. "O que me motiva é a ética. Os seres humanos são sujeitos com condição de avaliar que os animais sentem medo e angústia", explica a bióloga Joana Antunez Rizzolo, vegana há quatro anos.

No Noroeste do estado, o grupo Maringá Vegano, criado em 2012, reúne adeptos que até então estavam dispersos pela cidade e não trocavam informações. "A articulação e a conversa entre os veganos ficou mais fácil", comenta o professor Luiz Paulo Sacoman Almeida, de 24 anos, fundador do grupo. Além de discutir a alimentação, os membros promovem manifestações e atividades educativas para divulgar o veganismo. Em conversas com empresários, conseguem inserir opções veganas no cardápio de lanchonetes e restaurantes na cidade.

O professor de Física Willian Lobo foi apresentado ao veganismo por amigos, há cerca de 10 anos. Hoje ele é um dos integrantes da Aveg, em Ponta Grossa. "Os maiores resultados são ações de ativismo que fizemos em circos com animais, rodeios e feira de venda de filhotes, que não ocorrem mais na cidade por insistência do grupo de se manifestar", conta.

Há alternativas no mundo dos cosméticos

Para grande parte dos produtos excluídos dos hábitos de consumo dos veganos, há substitutos no mercado. Na alimentação e na moda, por exemplo, é possível encontrar materiais sintéticos, sem substâncias de origem animal. No mundo dos cosméticos, a filosofia vegana também conquistou espaço. Um exemplo é a marca Surya, da empresária Clélia Angelon, vegetariana há 30 anos e que aderiu ao veganismo há um ano. Clélia esteve em Curitiba em novembro para lançar produtos da marca, criada há 20 anos, na capital.

Sem nenhuma substância de origem animal, os produtos passam por avaliações, como testes in vitro, que simulam a cultura de células, e em voluntários, para verificar a possibilidade de alergia. A coloração natural para cabelos, carro-chefe da empresa, já foi exportada para mais de 30 países. "Eu me tornei vegetariana por consciência, em relação aos animais, à saúde e à sustentabilidade. Eu quis criar uma empresa em que o lucro fosse para promover essa filosofia e me sentir bem comigo mesma, saber que por trás do dinheiro que eu estava ganhando existia um conceito e um ideal", conta Clélia.

Glicerina vegetal, cera de candelilla, corantes naturais e proteínas vegetais são substitutos das substâncias animais nos produtos da Surya, que oferece xampus, condicionadores, máscara para cabelos, protetores labiais e hidratantes. "A nossa flora é muito rica, mas não é conhecida e, também por falta de interesse, não é utilizada. Ela pode muito bem substituir o animal com melhor performance", diz a empresária.

Para Clélia, a opção pelo veganismo vai além do respeito aos animais: inclui o respeito à própria saúde e ao meio ambiente. "Quando o seu cosmético não usa nada de origem animal, de certa forma você está ajudando o planeta", diz.

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