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Caixas eletrônicos e regiões próximas a agências bancárias são ambientes propícios para a prática de sete golpes diferentes que, mesmo antigos e amplamente divulgados, continuam a fazer vítimas em Curitiba. Segundo a polícia, pelo menos uma pessoa cai em algum conto de estelionatário diariamente na capital. As artimanhas são remodeladas pelos golpistas e o avanço da tecnologia possibilita que as modalidades sejam modernizadas. "É uma gama muito grande de artifícios que eles usam. Esse tipo de crime já acontece há tempo, mas agora o que está sendo vislumbrado são golpes pela internet", afirma a delegada Leonídia Hecke, adjunta da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC).

Na tarde da última quarta-feira, no bairro Bigorrilho, por exemplo, uma mulher acreditou na história de um homem humilde que teria ganhado na loteria. Outro rapaz, mostrando-se mais esclarecido que o primeiro, confirmou que o bilhete era premiado. O "sortudo" fez uma proposta para a mulher: ela daria US$ 20 mil (pouco mais de R$ 42 mil) e em troca ficaria com o bilhete da aposta. Deixando a ganância falar mais alto, ela sacou o dinheiro no banco e depois descobriu ter caído no golpe. "A pessoa que nos procura chega confusa. Tem vergonha de nos falar que caiu em um golpe e acaba contando uma outra história", explica o delegado Marcus Vinicius Michelotto, titular da DEDC.

Em outro registro recente na delegacia, um homem caiu no conto do cheque fraudulento. A vítima teria relatado que enquanto fazia transações em um caixa eletrônico de uma agência bancária, uma pessoa simples o abordou e explicou que não tinha conta naquele banco e precisava fazer um depósito para trocar um cheque. Solidarizada, a vítima permitiu que o homem depositasse o cheque e sacasse o mesmo valor de sua conta. Dias depois, descobriu que o cheque tinha sido devolvido por ser falso. "A lábia e o convencimento do estelionatário são muito grandes", alerta a delegada Leonídia.

Outros golpes "clássicos" são as histórias da nota promissória e do cheque, avaliados por investigadores como de uma mesma modalidade. Nos dois casos, a ação dos golpistas é semelhante. Um documento de valor é encontrado no chão, próximo à vítima – geralmente uma mulher que era observada dentro de uma agência bancária. Quem achou o papel pergunta se pertence à vítima e uma terceira pessoa já se identifica como proprietária. Esta oferece um prêmio à dupla e aponta um estabelecimento próximo em que podem pegar a recompensa. Aquela que tinha achado volta com uma quantia em dinheiro ou uma mercadoria. A vítima acaba acreditando na história e, enquanto busca o prêmio, deixa sua bolsa com os golpistas, que desaparecem.

Esses são típicos casos de estelionato em que alguém é ludibriado por, geralmente, dois golpistas. "Uma terceira pessoa ainda pode fazer o papel de olheiro no golpe", conta a delegada Leonídia. Ela explica que neste tipo de crime existe uma participação da vítima, que acaba sendo enganada. E ainda ressalta a importância do registro do boletim de ocorrência nas delegacias. "É a única maneira da vítima repassar as características dos golpistas e da polícia atuar para combater o crime."

Outros crimes

Existem ainda outros crimes praticados em terminais bancários em que a vítima não tem conhecimento de que está sendo lesada. Esses golpes são caracterizados como furtos. Um deles é o "chupa-cabra". O delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), explica que um equipamento é anexado pelos criminosos nos caixas eletrônicos, que permite que informações bancárias sejam decodificadas e copiadas. "Depois eles usam esses dados para clonar cartões, que é um outro crime porque também pode ser feito de outras maneiras", explica Recalcatti.

Outra tática de criminosos é implantar uma plaqueta com uma fita adesiva na saída de dinheiro do terminal. Isso faz com que as notas dos saques fiquem bloqueadas e o cliente pense que aquele caixa está sem dinheiro. Mais tarde, o golpista retira a placa e o dinheiro acumulado. "Na verdade, todos esses golpes têm pessoas que se especializam. Elas podem ter 50 anos e vão continuar praticando o crime. É lógico que também tem novos criminosos", afirma Recalcatti. O delegado ainda alerta para que as pessoas cuidem ao digitar senhas bancárias, para que elas não sejam copiadas – outro crime. "Ainda há os seqüestros-relâmpago, em que a vítima é levada até um caixa eletrônico e saca o dinheiro exigido pelos bandidos", lembra.

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