• Carregando...

A Rua Papagaio, no bairro Iguaçu 1, em Fazenda Rio Grande (região metropolitana de Curitiba), é endereço de uma história de luta contra o câncer que já dura cinco anos – quase metade da vida de Rosenildo, de 11 anos de idade. "Hoje ele já está bem melhor, mais alegre. Antes, saía da quimioterapia carregado, passando mal. Não é fácil. A gente pega três ônibus para chegar em casa", conta a mãe Ivanira Martins Nogueira, de 48 anos.

Solidariedade

Em uma família onde dois adultos e cinco crianças são sustentadas com o dinheiro arrecadado com a coleta de lixo reciclável feita pelo casal (no máximo R$ 400 por mês, em época de vacas gordas), a leucemia do filho do meio acaba sendo apenas um problema a mais. "O que a gente ganha mal dá para pôr comida na mesa. Roupa, só de doação. Graças a Deus recebemos, além do atendimento, refeição e remédios. Não sei como seria o tratamento dele sem essa ajuda", diz Ivanira.

A pobreza de famílias que, como a de Rosenildo, procuram apoio na Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (APACN), preocupa a entidade quase tanto quanto o câncer que atinge esses meninos e meninas. Para quem mora em Curitiba e região metropolitana, a associação oferece atendimento médico, orientação psicológica, medicamentos, refeição e cesta básica para a família, durante o tratamento. Rosenildo tem a vantagem de combater o câncer sem se separar do pai e dos irmãos, voltando a Fazenda Rio Grande após cada exame ou sessão de tratamento.

Abrigo

No outro extremo dos limites da capital, quase na divisa com o município de Pinhais, pessoas carentes que vêm do interior do Paraná e outros estados brasileiros com uma criança com câncer encontram abrigo na sede da APACN. Na casa onde até 30 crianças podem ficar hospedadas com acompanhante, há comida farta à disposição, atendimento psicológico, aulas regulares de ensino fundamental, tratamento odontológico, musicoterapia, vídeo-game e instalações para isolamento, caso haja necessidade durante o tratamento.

"Temos um serviço quase de hotel cinco estrelas se compararmos com a realidade destas crianças. A associação trabalha para não ser só uma casa de passagem, mas um local que oferece qualidade de vida", destaca a presidente da entidade, Mariza Del Claro. O trabalho que garante um atendimento exemplar (a entidade já ganhou três vezes o prêmio "Bem Eficiente") durante o tratamento não consegue assegurar que a realidade após a cura do câncer corresponda ao sonho de felicidade plena idealizado pelas famílias. "Durante a doença temos certeza de que elas estão bem assistidas, mas quando o tratamento encerra o nosso trabalho também termina e as condições em que eles vivem fogem do nosso controle. Já houve o caso de uma criança que teve o câncer curado, mas morreu de desnutrição", lamenta Mariza.

Contato

Para ampliar o acompanhamento das crianças para além do período de tratamento, a APACN precisaria, segundo Mariza, de no mínimo mais duas assistentes sociais (a associação já tem duas). Elas manteriam contato com as famílias que foram assistidas pela associação e, se necessário, poderiam até visitá-las no interior do estado para ver como as crianças estão e de que maneira a entidade poderia ajudar. "É um trabalho que tem de ser feito por funcionários contratados, para ter continuidade. Mas as doações que recebemos hoje são totalmente destinadas para a manutenção da casa e do ambulatório, não temos parcerias com governos", explica a presidente.

Empresários poderiam colaborar, lembra Mariza, não só com auxílio financeiro, mas ajudando a empregar os pais das crianças ou os antigos pacientes que já são adolescentes. "Muitas mães deixam de trabalhar para acompanhar o tratamento dos filhos. Procuramos dar uma orientação enquanto elas estão aqui, com oficinas de artesanato. É uma alternativa de renda para quando elas voltam para casa", informa.

Serviço: A APACN fica na Rua Oscar Schrappe Senior, 250, no bairro Tarumã. Informações pelo telefone (41) 3024-7475 ou www.apacn.org.br.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]