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"Chávez é um louco", diz Tião Viana

Brasília – Integrantes de todos os partidos criticaram ontem as declarações do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que durante encontro com o colega Luiz Inácio Lula da Silva, em Manaus, na quinta-feira, mais uma vez reclamou do Congresso brasileiro. Segundo Chávez, senadores e deputados brasileiros são servis aos Estados Unidos por atrasar a decisão sobre o ingresso da Venezuela no Mercosul. Primeiro vice-presidente do Senado, o senador Tião Viana (PT-AC) disse que a iniciativa de Chávez deixa em dúvida sua sanidade mental.

"Chávez é um louco, não tem estatura para ser presidente de uma nação, de um povo, de uma democracia. Aí confunde o espaço de poder com o espaço de uma ofensa gratuita", criticou. "Ou ele não nos conhece ou é um louco, respeito os loucos por um distúrbio biológico; agora, os que ofendem, a gente tem de reagir, não podemos ficar rindo com eles."

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) também foi ao ataque. "São afirmações ridículas, só uma pessoa com formação autoritária exacerbada, sem o menor senso do ridículo, é capaz de fazer uma declaração dessa. Ele está se tornando uma figura pitoresca, grotesca."

Brasília – Deputados e senadores de vários partidos disseram ontem que a declaração do presidente Hugo Chávez sobre uma suposta submissão do Congresso brasileiro a interesses norte-americanos tornou mais difícil a aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul, bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Chávez disse na quarta-feira ter certeza de que o Congresso brasileiro não aprovou até agora o ingresso da Venezuela por causa "da mão do império, da mão norte-americana".

O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Vieira da Cunha (PDT-RS), classificou as declarações como "extremamente infelizes". A comissão vota na quarta o acordo de inclusão da Venezuela. "Tudo se encaminhava para a aprovação. Agora, com essas novas declarações, extremamente infelizes, estamos inseguros. Chávez poderia parar de nos criar dificuldade", disse. Se passar na comissão, o texto segue para a Comissão de Constituição e Justiça e, depois, para o plenário. Se aprovado, vai para o Senado.

A líder da bancada do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), afirmou defender a posição do governo de fortalecer a integração do Brasil com os países da América Latina, mas também criticou o venezuelano, dizendo que sua frase foi, "no mínimo, pouco inteligente". "O Congresso é soberano, não vai deliberar por meio de interferência dos Estados Unidos, muito menos por causa de grito do Chávez. Não vai ser fácil aprovar isso aqui, já que há parcelas consideráveis do Senado que são contra. Esse tipo de declaração pode soar muito bem para ele dentro da Venezuela; para nós, não ajuda em nada", disse Ideli.

A oposição no Senado defendeu a rejeição do ingresso da Venezuela no bloco. Em nota assinada pelo líder da bancada do PSDB, Arthur Virgílio (AM), o partido afirmou que "fará o possível e o impossível para impedir a aprovação do ingresso da Venezuela no Mercosul" porque, segundo o texto, aquele país caminha "em marcha batida rumo a um regime ditatorial".

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