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Índice piorou em relação ao boletim da semana passada, quando eram 10 pontos  próprios | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Índice piorou em relação ao boletim da semana passada, quando eram 10 pontos próprios| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Banhistas ignoram placas de alerta

Apesar das placas do IAP, muitos veranistas banham-se diariamente em pontos impróprios, colocando a saúde em risco. Alguns deles simplesmente ignoram a recomendação, enquanto outros afirmam não ter conhecimento sobre os locais críticos.

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  • Veja quais são os pontos próprios e impróprios pra banho

Matinhos - O quinto boletim de balneabilidade divulgado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) teve o pior resultado da temporada: apenas dois, dos 43 pontos analisados, estão próprios para banho. O alto índice de pontos contaminados traz consigo a dúvida: por que o Paraná tem tantos locais críticos, comparado a Santa Catarina, cujo último relatório informa que cerca de 70% dos pontos estão próprios para o banho?

O secretário Rasca Rodrigues atribui a diferença ao método de análise do estado vizinho, considerado por ele como menos abrangente que o adotado pelo IAP, órgão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema). "Com os 43 pontos analisados, mais os oito pontos fixos, temos 17 locais avaliados por município. Já em Santa Catarina, tirando a capital, Florianópolis, são quatro pontos em média por cidade. Assim é impossível monitorar a balneabilidade de um município", defendeu Rodrigues, mesmo afirmando que "o estado catarinense segue as formalidades estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)".

Do outro lado, Marlon Daniel da Silva, responsável técnico do laboratório da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) – instituição que mede a balneabilidade –, confirmou que todas as avaliações são feitas baseadas na resolução do Conama, seguida por todos os estados brasileiros. "Nós procuramos analisar todos os locais em que há densidade populacional, valas, rios e outros fatores que possam interferir na qualidade da água", afirma.

Sem querer questionar a afirmação feita por Rodrigues, Silva explicou que são monitorados 129 pontos dos 26 municípios do litoral catarinense, mais os 63 de Florianópolis, o que totaliza 192 locais de coleta. "O custo para aumentar este número é alto e às vezes desnecessário, já que existem lugares sem densidade populacional", explica.

Métodos

O Conama determina que para definir se a água é própria para banho devem ser utilizadas as últimas cinco amostras, o que é seguido pelo dois estados vizinhos. Um ponto é considerado impróprio quando o último resultado detecta valor superior a 2 mil bactérias de Escherichia coli (E. coli) por 100 mililitros, ou se pelo menos duas das cinco amostras apresentarem índices superiores a 800 por 100 mililitros.

A diferença entre os métodos dos dois estados está na coleta e análise do material recolhido, o que não é especificado pelo órgão nacional regulamentador. Do lado paranaense, a coleta é feita duas vezes por semana, enquanto os catarinenses utilizam uma única amostragem no mesmo período. Os boletins, contudo, são divulgados semanalmente nas duas federações. Quanto à análise, em Santa Catarina são utilizados tubos múltiplos, enquanto no Paraná é usado o colilerte, espécie de cartela composta por vários microtubos. O método paranaense define o resultado mais rápido que o catarinense.

De acordo com uma especialista de fora da região – a chefe do laboratório de microbiologia do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro, responsável por medir a balneabilidade fluminense – apesar das diferenças, os dois tipos de análises são adequados. Maria do Carmo afirma que, caso fossem realizadas duas análises simultâneas utilizando os dois métodos e o mesmo material, os resultados não teriam diferença expressiva, já que têm como parâmetro de análise a mesma bactéria, a E. coli, e seguem as normas do Conama. "Como os dois estados analisam as últimas cinco coletas e trabalham com E. coli, as análises acabam sendo muito semelhantes", afirma.

Perspectivas

Independentemente de comparações, o secretário paranaense reconhece a piora e prevê que os próximos resultados deverão ser igualmente críticos. "Esta situação já era esperada, pois nós tivemos medições muito ruins", admite, atribuindo a situação ao elevado número de turistas e às chuvas, fatores que influenciam negativamente a qualidade da água. Rodrigues, no entanto, não se diz apreensivo com os números recentes. "Isso não preocupa o governo do Paraná, que tem na balneabilidade um instrumento de encontrar a poluição."

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