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A estudante Maria Carolina é especialista em mandingas para atrair o príncipe encantado | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
A estudante Maria Carolina é especialista em mandingas para atrair o príncipe encantado| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo
  • As irmãs Arlete Korovisk, 47 anos, e Simone, de 40 correm à meia noite com uma bolsa
  • O representante comercial Odir Lacerda não abre mão do modelito branco.
  • Maria do Carmo passa meia noite em cima de uma cadeira, de olhos fechados, e mentaliza três pedidos para ter ter sorte no amor, dinheiro e saúde
  • Olívia Watanabi come 12 sementes de uva, uma para cada mês do ano, para garantir que não falte dinheiro

À meia noite, todos a postos para o primeiro gole de champanhe, com o pé direito bem equilibrado no chão e os desejos para que 2011 seja bom. Alguns não dispensam pular as sete ondinhas para garantir a prosperidade no novo ano. Ou ainda há os que prefiram comer 12 uvas ou 12 sementes de romã para ter sorte em cada um dos meses do ano. Se dá certo, não se sabe direito. Nem de onde veio a ideia para o ritual. Mas se fazer tudo isso deixa alguém feliz, meio caminho já está andado. O importante mesmo é mentalizar o que se quer de bom e se livrar das coisas ruins.

Ramon Amadeu Moraes, 75 anos, é orientador de um grupo Espírita e costuma ir todos os fins de ano para as praias de Pontal do Paraná. "Vou tomar um banho de mar, pensar nos santos que podem abrir o caminho e agradecer pelo ano todo." Na praia, ele reúne alguns amigos e cada um faz o seu ritual. "Tendo o coração limpo, as coisas acontecem. As coisas boas vêm", diz.

E é nesse clima que ouvimos alguns veranistas para saber o que costumam fazer na virada para que o ano comece em alto astral. Para inspirar, vai o conselho do escritor Carlos Drummond de Andrade: "É dentro de você que o ano novo cochila e espera desde sempre". Feliz ano-novo!

Tudo por amor

A estudante Maria Carolina Kohler, de 13 anos, parece um livrinho de simpatias ambulante. Se é para arrumar namorado, então, ela tem receitas na ponta da língua. Para atrair amor, também. De qualquer forma, Carol revela que faz o que for preciso para que o ano seja recheado de amor: calcinha nova (rosa, de preferência), roupa nova (rosa e branca), vela rosa, uma pulseirinha de pimenta, outra com um olho grego, mais uma com um elefante.

Apesar de nunca ter namorado, a menina diz que é bom ir se preparando. "Pela minha mãe, eu esperaria até os 20, mas assim vou virar freira", diverte-se. Para quem quer mais dicas de mandingas para atrair o amor, ela ensina a cortar uma maçã ao meio, escrever o nome do pretendente em um papel, passar mel, colocar no meio, fechar a maçã e jogar no mar. Ou ainda escrever o nome dele no pé três vezes, ir atrás da porta de casa, bater três vezes o pé no chão e falar o nome do rapaz em alto e bom som.

A corrida da bolsa

As irmãs Arlete Korovisk, 47 anos, e Simone, de 40, professoras de Ibaiti e Figueira, no Norte pioneiro, mantêm um único ritual de família na virada: elas correm à meia noite com uma bolsa "virgem" em volta da casa. A brincadeira, segundo elas, surgiu com a avó, Maria Pedra, que todos os anos reúne a família – cerca de 30 pessoas – para correr em volta da casa. Para que? "Quem fizer isso vai viajar bastante no ano", assegura Arlete, que, depois de cumprir a correria à risca num réveillon, viajou para Portugal com a família. Levando a bolsa na bagagem, é claro. Encontramos Arlete e a filha, Gabriela, de 15 anos, a tia Simone e a prima Ana Flávia, de 8 anos, vasculhando as lojinhas de Caioná atrás de uma bolsa nova para fazer a mandinga da virada – que já virou tradição familiar. "São sete irmãos, mais os filhos, netos e agregados, todos correndo com a bolsa!", brinca.

Branquinho básico e focinho do leitão

Para o réveillon, o representante comercial Odir Lacerda, 57 anos, não abre mão do modelito branco. "Não precisa ser novo, mas tem de ser branco. Acho que isso vai trazer bons fluidos para o ano", diz. Ele não lembra bem de quando adotou a superstição, mas acha que é "desde sempre". Além do branco, Odir também faz questão de, na ceia, ter a cabeça de um leitão assada à mesa. "Não é o porco inteiro, não. É só a cabeça. E o focinho é sempre meu. Dizem que temos de comer bicho que fuça para frente na virada. Então, eu vou logo de focinho", conta. Se dá certo ou não, ele não sabe, mas diz que da vida não pode se queixar. "Na dúvida, continuo comendo."

De cima da cadeira

Passar a meia noite em cima de uma cadeira, de olhos fechados, mentalizando três pedidos. Ao abrir os olhos, a primeira coisa a ser vista precisa ser um homem. E aí todos os seus três desejos serão realizados. Quem dá a dica é a comerciante Maria do Carmo Luscente, 48 anos, que veio de Ourinhos, São Paulo. "Desde criança toda a família faz para ter sorte no amor, dinheiro, saúde", diz. Para garantir que avistará um homem na virada, Maria do Carmo puxa o marido para perto. Eles passam a virada juntinhos e, depois dos pedidos, é para ele que Maria do Carmo olha. Ela jura que dá certo. Mas se for um homem sobre a cadeira, provavelmente, ele terá de olhar para uma mulher. "Acho que é isso, nunca vi nenhum homem na família fazendo isso", brinca.

12 sementes

Na família de Olívia Mari Watanabi, 30 anos, a tradição é comer 12 uvas, uma para cada mês do ano, para garantir que não falte dinheiro. As sementes das uvas são guardadas em um envelope, ou papel, e depois de secas, vão para dentro da carteira. "Dá certo sim. Todo mundo faz lá em casa", conta a professora de Educação Física de Maringá. E o que fazer quando o ano acaba? "É só comer mais 12 sementes, pensar em coisas boas para cada um dos meses do ano, e começar tudo outra vez.

Qual a sua receita para começar bem o ano novo?

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