São Vicente é hexacampeã em Paranaguá
Uma forte pancada de chuva já na madrugada de ontem testou o ânimo da plateia do desfile das escolas de samba do grupo especial de Paranaguá. Mas não foi capaz de esfriar a expectativa de ver a quinta e última competidora, a São Vicente, entrar em cena na Avenida Arthur de Abreu, aos gritos de vencedora.
Matinhos - Cerca de 300 mil foliões se esbaldaram com a Caiobanda, que incendiou a Avenida Atlântica de Matinhos entre o domingo e a segunda-feira de carnaval. Até as 2h30 da manhã, quatro trios elétricos animaram a festa, ao longo do trajeto que ia do Sesc de Matinhos até o final da Praia Brava de Caiobá. De acordo com a Polícia Militar, o carnaval transcorreu sem maiores confusões e nenhuma prisão foi feita durante a noite.
Tocando muito axé, pop rock, reggae e sertanejo, a banda Bombahia foi o principal motor da festa. O grupo abriu a avenida às 22h23, ao som do reggae "Semente", de Armandinho, agradando especialmente a estudante Evelyn Moraes, de Candói (PR), que estava desde as 22 horas com a família aguardando o início da festa. "Adoro todos os ritmos, mas sou louca por reggae", contava ela, já embarcando na dança. Atrás do Bombahia, outros três trios elétricos com som mecânico cada um deles tocando música eletrônica, sertanejo e funk também seguiram até a Praia Brava de Caiobá.
A Avenida Atlântica de Matinhos virou uma apoteose para os foliões fantasiados. Um dos destaques foi o animado grupo de Negas Malucas, com seus cabelões afro e cobertas de tinta preta, que saíam dançando com quem passasse por perto. "O personagem que eu criei é o da Jucinete, uma nega maluca como há muito não se vê mais por aí", dizia Lúcia Soultello, 40 anos, que tem um grupo de teatro em Matinhos. Uma tribo de índias na verdade, marmanjos travestidos de mulher também roubava a cena pela rua. "A ideia é aplicar injeções de ânimo nas pessoas", dizia Rebeca (na verdade o gerente de vendas Vinícius Cordeiro, 33 anos) que ao mesmo tempo envergava apetrechos de enfermeira. E os jovens vestidos de bebês, só de fralda e mamadeira na mão, buscavam entre as moças "uma babá perfeita".
A paquera rolou solta na festa. A cena mais corriqueira era ver homens desesperados usando de todas as artimanhas para conquistar um mísero beijo de carnaval. Do outro lado, a maioria das mulheres se fechava a galanteios tortuosos, abrindo exceções a uns poucos escolhidos. "Cantada ruim perde ponto na hora né?", dizia a estudante Mônica Cruz, de Tubarão (SC).
A origem
A festa do fim de semana foi bem diferente da que começou há 35 anos, quando alguns poucos músicos e foliões do baile infantil no Iate Clube de Caiobá decidiram extrapolar os limites do clube e sair brincando pela rua o que imediatamente atraiu entusiasmados seguidores naquele pacato carnaval de Matinhos da década de 1970. "Quando eu e meu amigo João Elísio Ferraz (ex-governador do Paraná) começamos com a ideia, o trajeto da festa só ia do Iate Clube à praça da Praia Mansa. E praticamente só reunia famílias", conta o aposentado do tribunal de contas Fabiano Campelo, 70 anos. "Aos poucos, a nossa banda de Caiobá foi agregando mais gente, até um ponto em que só a Avenida Atlântica poderia comportar tanta gente. Depois surgiu a Matinbanda. E isso tudo foi há uns 15 anos", estima Campelo.
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