Chuva não impede a folia da Banda de Guaratuba

Nem o Festival de sertanejo universitário, nem a forte chuva de 50 minutos de duração estragaram o charme da noite da Banda de Guaratuba, na noite da segunda-feira de Carnaval (15). A festa completou 28 anos na avenida. A forte chuva começada às 21 horas atrasou em uma hora e 40 minutos a saída dos trios, o que não atrapalhou em nada a festa, que reuniu 300 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar (PM).

O êxito da noite mais tradicional do carnaval de Guaratuba, mesmo competindo com um show de música sertaneja universitária em Caiobá, mostra que há folião para todo o tipo de festa no carnaval paranaense. Alguns vindos de longe. "É o terceiro ano em que trocamos o carnaval de Ouro Preto (MG) pelo de Guaratuba. E não nos arrependemos", diz o engenheiro de produção Pedro Augusto Tadeu, 22 anos. Vindo de Belo Horizonte (MG), viajou 1,1 mil quilômetros para desfilar na avenida trajando apenas sunga e uma boia de borracha. O suficiente para chamar a atenção.

Aliás, chamar a atenção foi o objetivo de boa parte dos que seguiram os quatro trios elétricos rumo à praça no centro da cidade. E não foi preciso muito, apesar de se concorrer com outras 300 mil pessoas. Como a maioria dos veranistas aproveita a noite de carnaval sem alegorias, um pouco de criatividade é suficiente para ser destaque. A designer de Curitiba Lílian Wolff, 34 anos, criou kits de acessórios para ela e outras nove amigas usarem. Cada uma desembolsou R$ 6 para comprar as tiaras com antenas em neon, os óculos coloridos em formato de estrela e os apitos.

Se sozinhas seriam apenas meras foliãs na avenida, juntas conseguiram chamar a atenção de outros colegas de folguedo. Já o grupo de amigos de Curitiba que formam o Bloco dos Netos do Velho Barreiro montou seu kit com custo ainda mais baixo, com base no dito "quem quer aparecer, que coloque uma melancia na cabeça".

Pagando R$ 0,79 no quilo da fruta, fizeram exatamente o que a frase recomenda: colocaram as melancias na cabeça. "Tiramos a polpa, com a qual fizemos caipirinhas", conta o administrador Roger Marthaus, 28 anos, um dos quatro amigos que embarcaram na brincadeira.

E as crianças também reivindicaram seus cinco minutos de atenção. Os irmãos de Joinville (SC) Florência Gimena Munarreto, 13 anos, e Nicolas Francisco Munaretto, 10, não pouparam plumas e paetês para compor o visual da segunda-feira de carnaval. "Está todo mundo reparando na gente", disse Florência, satisfeita com o efeito da produção.

A prima dos dois, de Curitiba, Hanah Furtado, 10 anos, foi na onda: veterana nos desfiles da Banda de Guaratuba, brincou a festa momesca fantasiada pela primeira vez. Escolheu o traje de cigana especialmente para a ocasião. "Tomara que no ano que vem eu tenha uma ideia melhor ainda", disse.

A previsão de saída dos trios elétricos era às 20 horas da segunda-feira. Na hora marcada, no entanto, pouca gente estava na avenida. Várias razões foram cogitadas: além do show sertanejo no município vizinho, o alto fluxo de automóveis retornando à capital e a esticadinha na areia. "Com o bom tempo, o veranista tem ficado até as 19 horas ou mais", disse a prefeita de Guaratuba, Evani Pereira Justus. A festa seguiu sem nenhum incidente.