• Carregando...
Francelino e a esposa, Mariza, servem aos turistas na cantina de casa biscoito de cuscuz e causos vividos pela família | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Francelino e a esposa, Mariza, servem aos turistas na cantina de casa biscoito de cuscuz e causos vividos pela família| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Roteiro

Para quem quiser começar a praticar o turismo comunitário, a aluna do curso de Gestão de Turismo da UFPR Litoral Ana Iadelka enumera algumas dicas e locais:

- Preparar-se para condições adversas. Repelente e protetor solar são itens essenciais.

- Respeitar o meio ambiente. Jogar lixo no chão é visto com maus olhos, já que as comunidades têm um respeito muito grande pela natureza.

- Conversar com os moradores. A troca de experiências é sempre muito interessante.

- Um bom lugar para começar o passeio é a Cantina da Mariza, que fica no km 31 da PR-405, na comunidade de Potinga, em Guaraqueçaba.

- O Restaurante do Marinho, que também fica na PR-405, ao lado do Rio Tagaçaba, é famoso pelo peixe assado na folha de bananeira. O estabelecimento abre todos os dias das 9h às 22h.

- Outro lugar imperdível é o Bar Akdov, conhecido pelos shows de fandango (dança típica caiçara) e pelas doses de cataia (cachaça com folhas de cataia).

  • Neusa produz em casa até 800 quilos de farinha por semana

Em 2007, o agricultor Fran­­celino Cogrossi e a esposa, Mariza, moradores da comunidade de Potinga, que fica entre Antonina e Guaraqueçada, receberam uma proposta que, em um primeiro momento, soou estranha. Donos de uma pequena cantina na beira da esburacada PR-405, o casal foi convidado a transformar o local em atração turística. E, para a sorte dos futuros visitantes, foi o que aconteceu.

Desde então, Francelino e outros moradores da região fazem parte de uma cooperativa de turismo comunitário. Em vez dos roteiros em praias e restaurantes badalados, a Cooperguará Ecotur leva os visitantes a lugares pouco conhecidos do Litoral paranaense. A intenção é mostrar o tradicional modo de vida caiçara, fazendo o turista entrar de cabeça neste universo.

No café da manhã servido na cantina do agricultor, o cardápio é variado e inclui pé-de-moleque, cuscuz, tapioca, garapa e café com leite tirado da vaca. Mas um detalhe: o pé-de-moleque é feito com farinha de mandioca em vez de amendoim. E o cuscuz é um biscoito.

"Para a gente que mora aqui, essas coisas são comuns. Quem vem de fora se impressiona", comenta Sueli dos Santos, presidente da Cooperguará Ecotur. Mais de 2 mil turistas já passaram pela região para provar as receitas e bater papo com os moradores.

Preservação

Outra atração na região são as trilhas, rios e cachoeiras da Área de Preservação Ambiental de Guaraqueçaba. Aliados em uma cooperativa, os moradores recebem suporte da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

"Convidamos os pequenos empreendedores para conversar e aplicamos cursos de capacitação. Assim surgiu a cooperativa", explica Marcelo Bosco Pinto, que coordena o projeto pela SPVS.

Na área de preservação, os turistas podem fazer caminhadas, tomar banhos de rio, assistir à revoada dos papagaios na Ilha do Pinheiro e até conhecer farinheiras que ainda produzem farinha de mandioca de maneira artesanal.

Neusa e Angelino Co­­grossi, vizinhos e parentes do agricultor Francelino, têm uma farinheira em casa, que mostram aos visitantes. Eles calculam fazer até 800 quilos de farinha por semana, que gera bolos, broinhas e outros quitutes.

Aos interessados, é possível conhecer as raízes da cultura caiçara de forma independente. Por carro, basta pegar a PR-405, saindo de Antonina. No caminho ficam os pequenos povoados. Também dá para ir a Guaraqueçaba ou para as ilhas em barcos que saem da baía da Paranaguá. Há pousadas e restaurantes na maioria dos locais.

Pesquisa

Turismo é alternativa após restrições a moradores

O turismo comunitário é estudado por Ana Iadelka, aluna do curso de Gestão de Turismo da UFPR Litoral. Ela percebeu que a transformação de parte das ilhas de Guaraqueçaba em Parque Nacional do Superagui, em 1989, impôs limites severos aos seus moradores. Eles não podiam mais caçar ou fazer roça na região. Para Ana, o turismo de base comunitária pode ser uma solução para garantir a sobrevivência dessas comunidades.

"A falta de recursos e a ação de agentes externos estão causando um êxodo dos moradores para outras cidades. Com isso, toda a cultura caiçara vai se perdendo", lamenta.

Ela explica que esse tipo de turismo é diferente do tradicional. "A ideia não é lotar as ilhas de turistas, mas trazer visibilidade para a cultura caiçara e levar renda para essas regiões".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]