Deixe o vento te levar

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Dá para ver de longe: as pipas coloridas denunciam a prática do kitesurf, nome inglês que significa surfe com pipa. A cena é mais comum nos litorais de Santa Catarina e Nordeste, mas no Brasil todo já é possível encontrar praticantes desse esporte que tem pouco mais de uma década. "O kite existe no Brasil há mais ou menos nove anos e no mundo há, no máximo, 11 anos", conta Lingue Wacker, professor e proprietário da escola Kite&Surf, na praia de Ibiraquera, em Imbituba, Litoral-Sul de Santa Catarina.

Lingue descobriu o esporte quando não existiam muitos adeptos, no final dos anos 1990. "Eu já voava de parapente. Conheci o kite e comecei a aprender aqui em Ibiraquera." Em dez anos, a procura cresceu muito. "Hoje chego a dispensar alunos", conta ele, professor desde o ano 2000.

O esporte concentra fundamentos do wakeboard – modalidade em que o atleta fica em cima de uma prancha e é puxado por um barco em alta velocidade –, do surfe, da vela e do skate. A prática pode ser feita em lagoas ou no mar e depende de vento. "Os iniciantes geralmente começam em lagoas, porque é mais fácil", afirma Juarez Antunes, conhecido como Juba, professor do Ibiraquera Kite Center. Os melhores locais para o esporte são aqueles em que o sentido do vento mais colabora. É o caso de Imbituba, que tem os melhores ventos na primavera. "No Nordeste há vento o ano todo, lá a prática é bem comum", explica.

Para aprender o kitesurf não é necessário muito preparo físico ou uma experiência anterior em esportes radicais. "É só saber nadar e ter técnica. Quem é ótimo no surfe pode ter vantagem, mas não faz tanta diferença", comenta Antunes. A facilidade foi proporcionada por uma tecnologia, lançada em 2006, que trouxe mais segurança. "O equipamento ficou mais simples de ser controlado. Tenho alunos de várias idades, até com mais de 70 anos. É um esporte em que você mesmo escolhe se quer ser radical ou não", diz.

Pioneirismo

Leonardo Cossio, 31 anos, é um dos poucos que praticam o kitesurf no Litoral paranaense. Ele já praticava o surfe e o skate antes de descobrir o esporte. "Morei nos Estados Unidos um tempo e conheci o kite. Depois viajei para o Havaí e comprei meu primeiro equipamento", lembra.

O começo foi difícil, ele aprendeu sozinho e sofreu acidentes. "Quase morri. Um dia fui parar na calçada", diz. Dois anos já se passaram e atualmente ele tem uma escola em Matinhos. "Antes não existiam escolas no Paraná, só em Santa Catarina."

Para ele, a maior dificuldade não é a falta de adeptos, e sim as condições. "Tem pouco vento no Paraná. Em Santa Catarina as correntes marítimas têm a direção certa para a prática, aqui é mais difícil. Também falta um pouco de divulgação."

Para quem quer começar, Leonardo lembra da importância de procurar um instrutor. "Nao é um esporte que dá para iniciar sozinho. É preciso procurar uma escola de confiança e ter orientações até se sentir seguro."