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Escandalosas fizeram a festa em Antonina na segunda-feira de carnaval | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Escandalosas fizeram a festa em Antonina na segunda-feira de carnaval| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo
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O Concurso das Escandalosas, competição que envolve homens vestidos de mulher, foi a principal atração da noite de segunda-feira (15) no carnaval de Antonina, que contou também com mais um baile público.

A Avenida do Samba já estava lotada com cerca de 50 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, quando, às 22h50, ao som de I Will Survive, a drag queen Linda Power, mestre de cerimônias do evento, abriu a competição. A partir desse momento, cada um dos aproximadamente 50 marmanjos inscritos no certame foi subindo em uma passarela e desfilando seus modelitos para o público e jurados do concurso.

As cenas que se seguiram eram dignas do universo trash do cineasta norte-americano Ed Wood – que por sinal adorava se vestir de mulher. A massa simplesmente se partia de rir com as performances insinuantes daqueles seres barbados, transformados em noivas, tigresas e madonas. Destaque especial para a desenvoltura das Vagaianas – quatro senhores rotundos que capricharam no "ula,ula" – e da Brita Lee, que desfilou com um provocante vestido de oncinha.

Mas, no fim, quem levou o troféu de campeã e mais um celular de premiação foi um grupo de quatro fadas. Ou melhor, Sa-fadas, como eles se autoproclamaram, trajados com asinhas, chapéus e cajados de condão. "A gente saiu de fada pela primeira vez no concurso do ano passado, mas foi tudo de improviso. Nesse ano então decidimos caprichar, fazendo uma produção maior", explicou o professor de matemática antoninense Wladmir Miller, 24 anos. "Nossas namoradoras ajudaram com as roupas e preparando a nossa maquiagem", contou o escrevente de cartório Fábio Jacobs, 27, de Curitiba.

Segundo a mestre de cerimônias do evento Linda Power, o apuro nas fantasias, assim como a coreografia e o bom-humor das Sa-fadas foi decisivo para que elas ficassem à frente de BionC – rapaz que usou da artimanha de simular tropeços no palco, garantindo o segundo lugar – e de Silvana – sujeito vestido de cocota francesa, que ficou com o terceiro lugar. "A competição na verdade é o de menos. Isso aqui é só diversão", dizia Linda. "Heteros, homossexuais ou travestis, nessa noite somos todos iguais na avenida."

Após o concurso, a banda Coração Brasil logo emendou uma porção de hits – de marchinhas como a Cabeleira do Zezé a hinos do axé como Sorte Grande, de Ivete Sangalo – iniciando um baile público que só terminou por volta das 4 horas.

Tradição

O hábito de pular carnaval vestido de mulher é uma das mais antigas tradições no carnaval antoninense, segundo Rosana Ardigo, integrante da organização do Carnaval de Antonina. Porém, ninguém sabe ao certo quando isso começou ou quando iniciaram os concursos com fantasias femininas. "O que sabemos é que pelo menos desde o início do século XX essa brincadeira já era comum por aqui, o que se tem comprovado por fotos da época", diz Rosana, envolvida há 20 anos com o carnaval local.

Vestidos como duas "irmãs" na noite de segunda-feira, os irmãos antoninenses Alex, 35 anos, e Jorleidan Veiga, 38, confirmam como o uso de trajes femininos no carnaval vem de gerações passadas. "Nossos pais e avós já se vestiam de mulher, coisa que naturalmente acabamos incorporando", dizia Alex, que atua como funcionário público em Curitiba. "É uma tradição brincar o carnaval dessa forma. Tanto que ninguém fica chamando o outro de veado ou coisa assim", diz Jorleidan, que trabalha como vigilante em Antonina. "Todo mundo sabe que homem que é homem põe qualquer roupa e continua sendo homem", completa ele. "Apesar de que alguns, com roupa de mulher, acabam se descobrindo", provocava Alex.

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