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Na moral

Lendas reforçam bons comportamentos

Nos séculos passados, as lendas serviam de instrumento para manter a moral, os bons costumes e o respeito à religiosidade. É o que explica José Maria Faria de Freitas, do Instituto Histórico Geográfico de Paranaguá. "As lendas eram importantes para alertar as pessoas sobre as coisas consideradas erradas", argumenta.

Segundo o estudioso, um exemplo é a lenda do "brejo que canta". "Um grupo formado por marinheiros e prostitutas resolveu cantar fandango em plena Semana Santa e a casa veio abaixo. A lenda certamente surgiu para que esse período religioso fosse respeitado".

Freitas lembra que as lendas também são um importante instrumento de preservação da história. "Divulgá-las é uma forma de preservar a cultura do país".

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Sereias filhas de índios, pássaro que se transforma em saci, romances indígenas e histórias de disputas por ouro. Essas são algumas das lendas que permeiam o litoral paranaense e intrigam veranistas e moradores locais. Boa parte desses contos pode ser conferida no livro Lendas e contos populares do Paraná, publicado pela Secretaria de Estado da Cultura e coordenado pelo historiador Renato Augusto Carneiro Jr. Veja abaixo algumas dessas histórias:

Sereias – Ilha do Mel (ilustração acima)

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De acordo com a lenda, as mulheres-peixe que encantam pescadores rumo à morte ficam na Gruta das Encantadas, na Ilha do Mel. A versão mais comum é a de que o grupo de sereias é formado pelas sete filhas dos índios Jurema e Cauã. O pai feiticeiro de Jurema amaldiçoou as moças, que ganharam rabo de peixe e a maldição.

Saci Caiçara – Morretes (ilustração 1)

De dia ele é o pássaro Fin-Fin, mas à noite é o Saci Caiçara, menino de uma perna só que assusta quem vaga pela noite. Uma das versões da lenda garante que as principais vítimas do garoto de gorro vermelho são os cachorros. Recomenda-se prudência noa passeios noturnos. Reza a lenda que, em caso de ataque, o animal deve ser benzido e lavado com água e sal.

N. Sra. do Rocio – Paranaguá (ilustração 2)

A Padroeira do Paraná teria aparecido em Paranaguá no século 17, quando um pescador puxou em sua rede a imagem da Virgem. Apontada como responsável por salvar o litoral de pestes em 1896 e 1900, a santa também teria livrado a região da gripe espanhola em 1918. Conta-se também que várias vezes se tentou levar a imagem de Nossa Senhora do Rocio para a matriz, mas ela retornava para a casa do pescador que a teria encontrado.

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Negão do Caixão – Morretes (ilustração 3)

Para quem não ficou milionário após o sorteio da Mega Sena da Virada, no último dia de 2012, uma alternativa é encontrar o Negão do Caixão, na Serra do Mar. Segundo a lenda, a alma do homem perambula na região com um baú cheio de ouro – tesouro esquecido por seu senhorio numa cova aberta. O Negão entregaria o ouro a quem aceitasse uma tarefa sugerida por ele. O que pede é tão difícil que já teria afastado centenas de "sortudos".

O Homem de Branco – Matinhos (ilustração 4)

A pena por roubar índios, no Litoral do Paraná, foi perpétua para "O Homem de Branco". Colonizador, ele teria se tornado amigo dos nativos em busca do ouro da região e teria morrido envenenado após ingerir uma bebida oferecida pelos índios. A morte, porém, não foi pouco: até hoje, o tal homem perambula pelas ruas de Matinhos, assombrando a cidade.

O Carona da Bicicleta – Matinhos

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Para ciclistas, a região próxima à caixa d’água de Caiobá, na via que vai para a Prainha e Guaratuba, pode não ser das mais seguras. Pelo menos para quem acreditar que um fantasma pede garupa a quem passa por ali. Pelo sim e pelo não, os conhecedores da lenda preferem evitar tal gentileza nessa região.

Itacunhatã e Jurecê – Guaratuba

Nem só de enredos de terror vivem as lendas. A mais bela história de amor do litoral paranaense teria sido vivida pelos índios Itacunhatã e Jurecê. Reza a lenda que a jovem teria caído do alto do Morro de Cristo e que o índio guerreiro morreu ao tentar salvá-la. O mar, então, arrependeu-se e tentou devolvê-la à vida. Mas, sem Itacunhatã, foi impossível. A rocha que forma o morro leva o nome de Itacunhatã.