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Curitiboca da gema | Fotos: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Curitiboca da gema| Foto: Fotos: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
  • Onde curitibano dá bom dia
  • Churrasco e piscina com os amigos da colônia

Diz a lenda que curitibano é tímido, trabalha demais e por isso, às vezes, deixa a família de lado. Passa pelo vizinho sem cumprimentar e não gosta que as crianças falem com estranhos ou fiquem até tarde na rua. Curitibano fecha tudo que é porta e janela, "porque a cidade cresceu e tem muita gente ruim nesse mundo".

Curitibano, porém, sempre que pode, desce a serra e passas as férias nas praias do estado. Perto do mar o curitibano é outro. Fica mais tolerante. Acostuma-se com o som alto e com a bagunça típica de praia. Fica mais sociável. Arrisca sorrisos para o vizinho que mal conhece e até marca um churrasco. Esquece do relógio porque não precisa correr para chegar na reunião no horário ou pegar o ônibus no terminal.

Adota o chinelo e o bermudão. Vai dormir tarde, acorda tarde e perto da meia-noite está andando no calçadão. A filharada, 11 da noite, está andando de bicicleta. Na praia, pode. Para mostrar um pouco dessa "mutação" curitibana, movida a areia e água salgada, a Gazeta do Povo conta três histórias de curitibanos bem ambientados nas praias paranaenses.

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Curitiboca da gema

Em Curitiba, ela é uma empresária com pouco tempo a perder. Celular sempre tocando e olho no relógio para cumprir toda a agenda. "Gosto de dizer que sou uma curitiboca da gema. E o bom curitibano é, sim, muito trabalhador", afirma Andréa Cordeiro Juvenal, 45 anos. A curitibana, quando está na praia, adota um ritmo diferente: acorda tarde, almoça por volta das quatro horas e passa boa parte do dia aproveitando o sol que bate na varanda do apartamento, em Caiobá. "É onde eu gosto de ler. Sem preocupações e sem olhar para o relógio", diz. Ela admite não ser "expansiva", mas, nas areias, vai de guarda-sol em guarda-sol conversar com amigos. "Falo com muita gente com quem eu não costumo falar em Curitiba." Culpa, quem, sabe dos ares do Litoral.

Onde curitibano dá bom dia

A Rua F do Balneário Riviera, em Matinhos, contraria duas daquelas máximas que de tão repetidas parecem verdades absolutas: criança pequena não pode ficar até tarde na rua e curitibano nem bom dia dá para o vizinho. Na Rua F, os pequenos formam uma verdadeira esquadrilha da bicicleta. E a rua é deles até tarde da noite. "Desde cedo até umas 11 da noite são eles que dominam. Vão para lá e para cá de bicicleta", diz a curitibana Isabel Scrock, mãe de Alisson, 6 anos. A brincadeira da criançada e aquele ritmo mais malemolente do Litoral acabaram unindo também os adultos. Famílias de Curitiba, Ponta Grossa e Castro, que nem se conheciam, agora conversam embaixo da árvore e entram umas na casa das outras. As portas, aliás, estão sempre abertas. Bem diferente do que ocorre na capital, em que o fantasma da insegurança ronda cada vez mais próximo. Espichados no sofá ou se espreguiçando na rede, os vizinhos zelam pelas casas e pela criançada da rua."Olhamos os nossos e os dos outros também. Acabamos virando todos amigos por causa deles", explica Evanete Santos Rosa, mãe de Kalina, 7.

Churrasco e piscina com os amigos da colônia

Nas últimas três temporadas, Adriana Leão Mello, 38 anos, tem recusado os convites do pai e das irmãs para passar as férias na casa da família, em Itapoá, Santa Catarina. Ela, o marido Gérson, 42, e as filhas Letícia, 9, e Natália, 4, têm optado pela colônia de férias em Guaratuba. No local, um conglomerado de 120 apartamentos, com salão de jogos e piscina, eles alcançam dois objetivos difíceis de serem cumpridos em Curitiba. "Aqui conseguimos ficar os quatro juntos, por bastante tempo. Fazemos programas que são difíceis de serem feitos em Curitiba", explica Adriana. Além do maior tempo juntos, os Leão Mello conseguem colocar em prática uma sociabilidade que é natural e comum aos quatro, mas que nem sempre é desenvolvida a contento na capital. "Somos todos bem comunicativos, mas nem sempre conseguimos falar com os amigos em Curitiba. Tem trabalho, escola. Aqui isso flui melhor. Neste fim de semana, por exemplo, vamos fazer churrasco com um grupo de amigos", diz Adriana.

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