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Apaixonado por itens antigos desde criança, o casamento de Cruz com as peças históricas começou para valer há 20 anos, quando a coleção teve início | Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Apaixonado por itens antigos desde criança, o casamento de Cruz com as peças históricas começou para valer há 20 anos, quando a coleção teve início| Foto: Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo
  • O acervo conta com mais de 150 itens antigos que estão expostos e viraram parte da decoração da pousada

Ilha do Mel - Se você tem uma vitrola antiga ou um toca-fitas de cartuchos do carro Galaxy pode repassar essas e outras peças encostadas para o antiquário particular do empresário Joelson Cruz, 47 anos. As aquisições serão muito bem recebidas e vão ampliar o acervo de mais de 150 itens antigos que estão expostos e viraram parte da decoração da Pousada Bob Pai Bob Filho, na Praia de Encantadas, na Ilha do Mel. Entre os utensílios que ele cuida, alguns têm até valor histórico.

Apaixonado por itens antigos desde criança, o casamento de Cruz com as peças históricas começou para valer há 20 anos, quando a coleção teve início. Para aumentar o acervo vale ir a ferros-velhos e procurar raridades. Uma visita rendeu a compra da escotilha de um navio inglês. Entre as peças náuticas também existem bússolas e âncoras, mas o forte mesmo são objetos doados por amigos e hóspedes. "Mais ou menos 90% do que tenho eu sei quem doou e assumo com a pessoa o compromisso de não vender. Tem gente que vem aqui e insiste em comprar, mas não tem jeito", afirma.

Entre moedores de carne, projetor de filmes, testador de válvulas de televisão e telefones a decoração do bar foi aumentando. Há até uma espada ou um conjunto antigo de estojo de metal com seringas e agulhas. Eles figuram no mesmo ambiente que está a primeira bicicleta da irmã de Cruz – mais uma prova que ele não rejeita aquilo que é ganho.

O local já virou ponto de visita na ilha. Mas o proprietário é cuidadoso. Nas prateleiras está claro o aviso para não mexer nos itens. "Muita gente vem aqui para tirar fotos. Só que acontece de crianças derrubarem algum objeto e existem peças que a gente nem sabe o valor", comenta.

O cartão de visita é dado antes mesmo de entrar no bar. Na porta está pendurada a escotilha, ao lado dela está um timão. Perto da entrada estão as caixas de álbuns antigos e quase de frente para eles há uma radiola. No som ambiente é possível ouvir o chiado característico do vinil tocando e notar no balcão os telefones antigos.

A decoração de peças antigas não está mais restrita ao bar, mas ganhou também a pousada. Dessa vez a diferença principal é que alguns dos itens ganharam certas adaptações de estilo e, mais do que isso, de utilidade.

Uma antiga e barulhenta roda de carro-de-boi, por exemplo, é hoje uma mesa que fica na varanda. A ex-cabeceira de cama virou banco e está em um dos corredores. Mostras de que a antiguidade pode se adaptar muito bem aos tempos modernos.

Moradores acham peças de navio

Joelson Cruz também participa de outra empreitada histórica. Em 2010 foram encontradas peças de madeira de um navio que naufragou na Praia do Miguel, provavelmente entre os séculos 18 e 19. Um dos moradores que encontrou os fragmentos foi justamente um dos funcionários dele, Otto Schucks, que curioso com o achado, procurou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para saber mais informações sobre as peças.

A dupla guarda os cerca de 20 pedaços do navio, a maior parte madeiras, na Associação dos Moradores de Encantadas. "Algumas peças pesam cerca de 200 quilos. E infelizmente algumas delas as pessoas pegaram na praia e queimaram", lamenta Schucks.

O historiador do Iphan, Juliano Doberstein, explica que os fragmentos despertaram a curiosidade do órgão, que pretende sugerir no planejamento deste ano, que será encaminhado para a sede nacional em Brasília, a busca de mais peças na Praia do Miguel. "O ideal é que esses fragmentos continuem guardados próximos do local onde foram encontrados, porque é a oportunidade para a comunidade criar um espaço de memória", explica.

Segundo a arqueóloga do Museu Paranaense Cláudia Parellado, alguns fragmentos das peças foram encaminhados para a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para análise. "É muito difícil precisar pelo tipo da madeira e pelas diversas variedades existentes de que continente veio o navio", detalha. O resultado final do estudo deve ser divulgado em setembro ou outubro.

Serviço

Quem encontrar algum objeto de possa ter valor histórico deve entrar em contato com o Iphan pelo telefone (41) 3264-7971.

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