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Essa é a primeira vez que o argentino Alberto Magram (de preto) visita Caiobá. Ele trouxe a esposa, Carolina Mentlik (à esquerda), os sogros, Francisco e Raquel, e os filhos, Jeremias e Sofia. Os seis saíram de Posadas, capital de Misio­nes | Fotos:Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Essa é a primeira vez que o argentino Alberto Magram (de preto) visita Caiobá. Ele trouxe a esposa, Carolina Mentlik (à esquerda), os sogros, Francisco e Raquel, e os filhos, Jeremias e Sofia. Os seis saíram de Posadas, capital de Misio­nes| Foto: Fotos:Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Descanso

Pausa na rotina agitada da busca pela informação

O repórter fotográfico Jorge Adorno, de 59 anos, correspondente do Paraguai para a agência inglesa de notícias Reuters, escolheu Matinhos para passar as férias com os quatro filhos e seis netos. Jorge e a família percorreram mais de mil quilômetros entre Assunção, onde vivem, e a cidade paranaense. Sem previsão de data para retornar, Adorno explica que a viagem é um prêmio oferecido às filhas (Jimena, 8, e Antonella, 9) e aos quatro netos (Jacqueline, 12, Christian, 14, Ilheana, 8, e Renato, 3,) pelo bom desempenho e bom comportamento que tiveram na escola no ano passado.

Liberdade

"Aqui deixamos de lado o celular e a internet. A ideia é ser livre, esquecer um pouco a disciplina, aproveitar a praia, brincar e se divertir até anoitecer", diz ele, lembrando que a única mãe que está presente no grupo de dez pessoas é a sua filha Yenni, de 33 anos. "As mães costumam estabelecer regras para tudo. Nestas férias quem manda são eles", brinca Adorno, referindo-se às seis crianças do grupo.

Compensação

Para Adorno – que é autor de fotos famosas da musa paraguaia Larissa Riquelme e já cobriu os Mundiais do México, da França, Alemanha e Japão, além de torneios como a Copa América e Copa Libertadores da América –, as férias são uma pausa na rotina agitada da busca pela informação. "Ruim mesmo só os três dias de chuvas que enfrentamos logo na nossa chegada a Matinhos", diz o fotógrafo, que aproveita a companhia da família para recarregar as baterias.

  • Os argentinos Francisco (de cinza) e Rosana (de blusa estampada) viajaram junto com os filhos e a família do casal de amigos Diana (vestido) e Ricardo (de blusa listrada). O grupo faz planos para voltar no ano que vem
  • O repórter fotográfico Jorge Adorno, do Paraguai, escolheu Matinhos para passar as férias com os quatro filhos e seis netos:

O sotaque castelhano é presen­­ça garantida no Litoral paranaense nesta temporada. Ouvidos atentos e uma caminhada de dez minutos pela Avenida Atlântica, em Ma­­tinhos, são suficientes para cruzar com vários grupos de turistas argentinos e paraguaios. Na praia, a cuia e o mate são companhias inseparáveis dos nossos vizinhos, que não abrem mão de saborear um belo chimarrão ou tererê.

Quando a maior parte dos veranistas brasileiros já voltou ao trabalho e as férias escolares se aproximam do fim, eles chegam para aproveitar dias de sol e tranquilidade à beira da praia. Enquanto para os brasileiros a alta temporada vai da metade de dezembro a meados de janeiro, para os turistas do Mercosul, sobretudo argentinos e paraguaios, o melhor período para viajar começa no final de janeiro e se estende até o fim de fevereiro, já que o retorno às aulas acontece só em março.

Muitos deles estão no Litoral paranaense pela primeira vez, como é o caso da família Mazzarelli, que veio da cidade de Corrientes, capital da província de mesmo no­­me, para conhecer Caiobá, depois da indicação de amigos. "Há 10 anos passamos fé­­rias nas praias de Santa Cata­rina, mas neste ano decidimos conhecer o Paraná. Feliz­mente não nos arrependemos", disse Francisco Maz­­zarelli, que trouxe a esposa Maria­na, 34, e os filhos Eva, 7, e Toto, 5, além dos cunhados Horácio Saha­gún, 36, Gua­­dalupe Salazar, 35, e o filho do casal, Juan Manuel, 2.

Essa também é a primeira vez que o advogado argentino Alberto Magram, 53, e a esposa, a psicóloga Carolina Mentlik, 40, vêm a Caiobá. Segundo eles, o trajeto de mais de mil quilômetros da cidade de Posadas – capital da província argentina de Misio­nes – até o Litoral paranaense foi totalmente compensado na chegada. "É possível passar horas na beira na praia, contemplando a paisagem e aproveitando o sol", afirma Caroli­na, que também trouxe os pais.

Além da água do mar mais quen­­te, os turistas argentinos e paraguaios apontam a proximidade das praias do comércio e dos serviços e o acolhimento das pessoas como pontos positivos da região. "Viemos dar uma volta e acabamos encontrando esta praça linda, cheia de enfeites de Natal", disse a farmacêutica Rosana Petina, 39, que estava na companhia do marido Francisco Salpietro, 39, e dos fi­­lhos Giana, 7, e Valentin, 10. A via­­gem da cidade de Malabrigo, na província argentina de Santa Fé, foi feita na companhia do casal de amigos Diana Locatelli, 37, Ricardo Sponton, 39, e dos filhos deles, Be­­lén, 8, e Agustín, 4. Eles devem re­­tor­­nar no próximo sábado,mas já fa­zem planos para voltar no ano que vem.

Estrutura

A grande presença de turistas castelhanos nas praias do Para­­ná já é sentida também no setor de co­­mércio e serviços. Segundo a corretora de imóveis Miriam Barbosa, so­­mente na imobiliária onde ela trabalha, em Caiobá, houve um au­­mento de 30% em relação ao ano passado na locação de imóveis para turistas da região do Mercosul, sobretudo da Argentina.

Miriam, que já foi gerente de pousadas na Praia de Canas­vieiras, em Santa Catarina, reduto dos tu­­ristas argentinos, diz que é preciso investir em estrutura para atrair e fidelizar esses visitantes. "Eles vêm para ficar de 10 a 15 dias e não costumam fazer economia", ressalta. O bom atendimento é fundamental para que eles retornem nos anos seguintes e tragam consigo outros amigos e familiares. "Quer melhor propaganda que o boca a boca?", brinca.

Novos moradores

Franceses atracaram em Guaratuba e não saíram mais

De Lyon, no centro-leste da França, para a Baía de Guaratuba. Os velejadores Anne e Gerard Flukiger não imaginavam que, ao sair do continente europeu em busca de aventura, há cinco anos, parariam no Litoral do Paraná e daqui não sairiam mais. A ideia era apenas visitar as ilhas do Atlântico, o Senegal, país da África Ocidental, e passar por Cabo Verde. Saindo do arquipélago, veio a indecisão: conhecer o Caribe ou o Brasil?

"Decidimos ir ao Brasil, porque era menos conhecido que o Caribe. Fomos seguindo a costa, passamos pelo Nordeste, pelo Rio de Janeiro e chegamos à Baía de Guaratuba, sem conhecer ninguém", conta Gerard. Já em Guaratuba, o casal encontrou uma embarcação de turismo em reforma e decidiu perguntar como estava a maré, para poder voltar ao mar e retornar para a França.

Acabaram conhecendo os donos da embarcação e se encantaram com a cidade e o mar. "Duas semanas depois, a maré já havia subido, descido, subido de novo, e a gente não queria mais ir embora. Voltamos para a Europa apenas para acertar nossos vistos", explica o velejador.

Os dois completaram nesta temporada dois anos trabalhando nos passeios turísticos de barco pela Baía."Queremos ficar no Brasil, e aqui em Guaratuba", diz, com firmeza, Gerard.

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