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Gabriel Martins da Silva, de 6 anos, que vai para a praia surfar com o irmão Fábio, 10, e o primo Matheus, 12 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Gabriel Martins da Silva, de 6 anos, que vai para a praia surfar com o irmão Fábio, 10, e o primo Matheus, 12| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Talentos para se espelhar no futuro

Além de Bruna, saíram de Matinhos outros destaques brasileiros do surfe, como Peterson Rosa (o primeiro com renome nacional) e Jihad Kohdr. Os três são os únicos paranaenses a disputar o WCT, a primeira divisão do surfe mundial. Peterson Crisanto, 18 anos, é outro destaque – ele foi vice-campeão mundial sub-16 na França, em 2008.

Com tantos exemplos, muitas crianças começam a treinar desde cedo. É o caso do pequeno Fábio Martins da Silva, 10 anos, que surfa com o irmão Gabriel, 6, e o primo Matheus Martins Motta, 12, em Matinhos. Enquanto os pais dos meninos trabalham no Mercado de Peixes, eles pegam onda até cansar. "Às vezes ele fica o dia inteiro, nem volta para casa para almoçar. É todo santo dia, não sei como não enjoa", brinca a mãe de Fábio e Gabriel, Andréia Martins, 28 anos.

E para surfar, Fabinho recebe a ajuda dos amigos mais velhos, como Ruan Braga de Abreu, de 18 anos. Ruan trabalha em um restaurante em frente ao pico e empresta a prancha para o menino. "A gente sabe quem precisa de um impulso. O Fabinho às vezes toma café da manhã, almoça e fim de tarde, quando sai da água, vem fazer um lanche aqui. Eu sempre falo pra ele e para os outros: pisou na bola, pode esquecer a ajuda", conta.

O conselho da campeã Bruna Schmitz para os que estão começando é de que não desistam. "É muito difícil se manter em competições, mas tem que ser persistente. Não pode se abalar na derrota", diz. Outro fator que Bruna considera fundamental é se manter na escola. "Eu passei dificuldade para terminar o segundo grau, mas fiz. Agora é só fazer uma faculdade. Não pode parar." (EL)

  • Luara Mandelli do Rosário já pega onda com apenas 2 anos

Manhã tranquila no pico de Matinhos e a pequena Luara Mandelli do Rosário, de apenas 2 anos e 8 meses, treina uns passos em cima da prancha da mãe, a tricampeã paranaense de longoard Thiara Mandelli Basso, 26 anos, surfista profissional desde 2005. O gosto pelo esporte vem de família. A menina é levada para a água por Thiara e pelo pai, Luciano do Rosário, 37 anos, instrutor de surfe e presidente da Associação de Longboard do Paraná.

Crianças bem pequenas, como Luara, não são raras no esporte. Segundo o instrutor Leonardo Cossio, 33 anos, da Escola Beck Turismo Surf, em Matinhos, não há idade mínima para que a criança comece a surfar. Ela só precisa ter condições motoras e capacidade para compreender a explicação dos instrutores. "É só entender quando a gente fala para ficar de pé na prancha, para alongar. Ter essa autonomia. Já tive aluno de 3 anos, mas a faixa que mais vem é entre 10 e 15", conta.

Normalmente os pais acompanham cada passo dos filhos, fotografando ou filmando. "Alguns entram junto na água, para estimular. Outros pais gostam tanto da aula que acabam fazendo também", diz Leonardo. Para pais e mães preocupados com a segurança, a coordenadora da escolinha Nicoli Bilattim 23 anos, explica que as crianças não são levadas ao fundo e que o equipamento vai mudando conforme a evolução nas aulas. "São cinco pranchas de tamanhos diferentes. Eles começam com a maior, para dar mais estabilidade, e vão diminuindo", diz.

Nas aulas, são 10 minutos de alongamento, 10 minutos de teoria e técnica, em que os pequenos aprendem desde a origem da parafina (usada para dar mais estabilidade na prancha), até funções do equipamento e a relação do esporte com a natureza (por exemplo, os pequenos ficam sabendo da importância de se preservar a restinga, vegetação típica da orla). Depois, são 40 minutos de aula prática, em que, além das técnicas, também aprendem a prestar atenção no mar, nas correntes e nas ondas. "O esporte não tem limitação. É só a vontade da criança de experimentar. Faz bem para a saúde e é uma opção de lazer, um espaço para a criança evoluir", explica Nicoli.

Profissional

Mas a diversão das ondas pode evoluir. Foi assim com a surfista Bruna Schmitz, 20 anos, bicampeã brasileira e campeã pan-americana, que começou a carreira em uma escolinha. Quando tinha 9 anos, o irmão mais velho a matriculou em uma escolinha em Matinhos durante a temporada de verão. "Quando eu era pequena, tudo o que eu começava eu parava. Mas com o surfe foi diferente", conta. Aos 11, Bruna viajou pela primeira vez para o exterior para competir no Equador. Aos 13 anos, foi para o Havaí.

"No começo, eu perdia todos os campeonatos que participava. Ficava chorando na beira da praia", lembra. Depois do Havaí, veio a Austrália, África do Sul, Peru, e outros campeonatos pelo mundo todo. "Tem que começar cedo, para se acostumar com a rotina de ficar sozinha, viajar muito, ficar longe dos pais", aconselha Bruna para os pequenos que sonhem chegar lá.

Serviço:

Beck Turismo Surf – Praia Brava de Caiobá (Em frente à sorveteria D'vicz da Avenida Atlântica) – 41 3452-6744. Aula particular: R$ 50. Curso básico: R$ 240 (6 aulas). Curso avançado: R$ 440 (12 aulas).

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