Casca de coco é um dos resíduos mais encontrados nas areias das praias do Paraná| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Lixo na praia é risco para animais marinhos

A conscientização do banhista em relação ao lixo na praia é fundamental, segundo a bióloga Camila Domit, pesquisadora do Centro de Estudos do Mar da Univer­sidade Federal do Para­­ná(CEM). Um simples papel de bala jogado na areia, ressalta a pesquisadora, pode ser um risco enorme aos animais marinhos.

De acordo com Camila, em média, 80% das tartarugas encontradas mortas no Litoral do Paraná têm resíduos sólidos no trato digestivo. "Os plásticos jogados na areia e no mar podem causar lesões e he­­morragias nos animais marinhos, que muitas vezes confundem o lixo com comida", explica. Segundo a bióloga, pelo menos 10 golfinhos encontrados mortos também tinham lixo no estômago.

Segundo Camila, as pessoas acham que jogando lixo no mar ele desaparece. "Existem ilhas desertas tomadas por lixo. Quando ele cai na praia ou no mar, não desaparece. É incrível a quantidade de bituca de cigarro dentro de tartarugas. Isso traz prejuízo para todo mundo: do pescador ao turista", afirma.

O coordenador técnico do Instituto das Águas, Everton de Souza, diz que as pessoas se esquecem das atitudes que tomam em relação ao lixo nas suas cidades de origem. "É preciso respeitar o ambiente e o próximo. O veranista deve ter a mesma atitude que tem na cidade dele", diz.

Entre as recomendações está deixar o lixo na rua entre 18 e 8 horas, período em que os caminhões fazem a coleta. O lixo deve ser mantido em locais altos e em sacos plásticas resistentes.

Desde o início da temporada, foram recolhidas 12,8 mil toneladas de lixo em Matinhos, Pontal do Paraná e Guaratuba. O volume é 14,7% superior ao mesmo período da temporada passada. (GA)

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A falta de padronização e a distância entre as lixeiras são as principais reclamações dos veranistas em relação ao destino do lixo na orla. Enquanto em Matinhos as lixeiras de plástico estão instaladas ao longo do calçadão da Avenida Atlântica, nos balneários de Pontal do Paraná elas são encontradas apenas na praia. Para Leila Camargo Lima, 32 anos, advogada de Toledo, no Oeste do Paraná, as lixeiras de Matinhos poderiam estar mais próximas dos veranistas. "Tudo bem colocar as lixeiras no calçadão, não tem problema. Mas nós estamos na praia. Quando temos de jogar o lixo fora, precisamos caminhar um monte", conta.

Na opinião do técnico de enfermagem Luiz Carlos Guiede, 44 anos, de Maringá, no Norte do estado, em Pontal do Paraná a situação também não é confortável. "Existem lixeiras nas praias, mas elas ficam longe umas da outras. Além disso, ela são apenas sacolas plásticas, que rasgam com qualquer coisa que você joga dentro", diz.

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De acordo com o coordenador técnico do Instituto das Águas – responsável pela coleta de lixo no Litoral durante a temporada –, Everton de Souza, existem cerca de 300 lixeiras espalhadas por Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná. "As lixeiras estão lá. Às vezes algum ponto fica descoberto, mas é porque a lixeira foi furtada. E nós não temos como ficar repondo o tempo todo", diz.

Sobre a quantidade e a distância entre uma lixeira e outra, Souza explica que foi feito um levantamento e que o número atual é razoável. "Fizemos uma avaliação e acreditamos que o número de lixeiras está dentro dos padrões. Em relação à distância, ninguém gosta de ter uma lixeira por perto. E também não podemos tomar a areia inteira com lixeiras. Por isso, dependendo da praia e do fluxo, instalamos uma a cada 30 ou 50 metros", explica.

Coco

Caminhando pelas praias do Paraná, é quase uma raridade não encontrar cocos espalhados pela areia. De acordo com informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Emprapa), a casca do coco leva de oito a dez anos para se decompor. Apenas no Litoral do Paraná, segundo estimativas dos comerciantes, são consumidos cerca de 3 mil cocos por dia.

O professor do Mestrado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo Paulo Roberto Janissek afirma que o coco não chega a ser um problema tão grave quanto o plástico. "Como o coco vem da natureza, é orgânico, não gera um problema tão grave de poluição. O problema é o desperdício. O coco jogado poderia servir de alimento e para indústria, por causa das fibras", diz.

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O correto, segundo o professor, seria disponibilizar um local exclusivo para a coleta. "O cidadão tem que se conscientizar de que ele não pode jogar o lixo, e isso inclui o coco, em qualquer lugar. A prefeitura também deve dispor de um mecanismo especial de coleta seletiva. E os empresários também poderiam visualizar a oportunidade e usar o coco da praia como matéria-prima", afirma.