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O anúncio de aumento dos recursos destinados à realização de cirurgias bariátricas – de redução do estômago – feito pelo Ministério da Saúde, na semana passada, deve ajudar a reduzir o tempo de espera nos 53 hospitais habilitados a fazer o procedimento pelos Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. No Paraná, estão cinco deles, sendo dois em Curitiba: o Hospital de Clínicas (HC) e a Santa Casa de Misericórdia.

O HC encerrou os cadastros na lista de espera há um ano. Mesmo assim, atualmente existem 929 pessoas na fila. Considerando que o hospital faz em média duas cirurgias desse tipo por semana, seriam necessários nove anos para dar conta de todos os inscritos. Na Santa Casa a situação é um pouco menos complicada – o tempo médio de espera é de um ano e meio. O hospital consegue fazer cerca de quatro cirurgias por semana, mas mesmo assim existem 280 pessoas na fila.

De acordo com o diretor do HC, Giovani Loddo, em oito anos já foram feitas cerca de 400 cirurgias bariátricas na instituição. Em 2007, no entanto, foram apenas 18. "Não conseguimos aumentar esse número por falta de recursos humanos. É um procedimento eletivo, e neste ano o número foi ainda menor por causa da greve (dos servidores técnicos)", diz. Além disso, o diretor ressalta a necessidade de toda uma estrutura especial para conseguir atender os pacientes. "Não é qualquer cama que acomoda uma pessoas de quase 200 quilos", exemplifica.

As portarias 1.569 e 1.571, publicadas na segunda-feira passada no Diário Oficial, além de ampliar os recursos de R$ 8 milhões para R$ 20 milhões ao ano, prevêem também o credenciamento de novos centros, a inclusão de duas novas técnicas e a organização de uma fila estadual. A expectativa é de que o número de cirurgias realizadas anualmente passe de 2 mil para 6 mil.

De acordo com o coordenador de média e alta complexidade do Ministério da Saúde, Joselito Pedrosa, a previsão é de que ainda esta semana sejam publicadas as portarias que especificam em detalhes as diretrizes a serem aplicadas nos hospitais e as competências que ficarão a cargo das secretarias estaduais de Saúde. Segundo ele, os hospitais deverão atender a determinações em relação à segurança técnica do procedimento, bem como a realização de um número mínimo de cirurgias, sob pena de serem descredenciados. As secretarias, por sua vez, serão responsáveis pela triagem e pelo encaminhamento do paciente à cirurgia. "O credenciamento de novos centros dependerá da demanda e capacidade de cada estado", afirma.

Pedrosa esclarece que pacientes que já estão cadastrados continuarão na fila. Entretanto, ele reconhece que poderá haver alterações na ordem de prioridade. Até então o que valia era a ordem cronológica e pelas novas regras, pacientes com risco de morte ou doenças associadas poderão passar à frente. Para Loddo, este é um ponto que terá de ser visto com muito cuidado. "Os critérios terão de ser bastante claros para que os pacientes não se sintam prejudicados", alerta.

Outras mudanças dizem respeito às idades do paciente e as condições para ser operado. A partir de agora, jovens com mais de 16 anos e idosos poderão se submeter à cirurgia, desde que com precauções especiais. Além disso, os pacientes com Índice de Massa Corpórea igual ou superior a 40 kg/m· e sem risco de morte terão de comprovar que tentaram perder peso durante dois anos com programas nutricionais e de exercícios físicos. O objetivo é evitar que entre na fila aquele paciente que engordou há pouco tempo e quer fazer a cirurgia.

Esforço

A intenção é que casos como o da dona-de-casa Rosalina Rocha, 53, se tornem mais freqüentes. Pesando 116 quilos, ela entrou na fila do HC em 2004. Depois de fazer uma bateria de exames, começou uma reeducação alimentar e um acompanhamento psiquiátrico contínuo. De março do ano passado para cá, já perdeu 20 quilos. "Acabei desistindo da cirurgia. Vi que tinha alternativas", conta. No entanto, ela reconhece que emagrecer requer esforço e disciplina. "Comecei a fazer um diário alimentar e vi que comia mais do que o necessário. Consegui reduzir, mas é penoso", afirma.

De acordo com a médica responsável pelas cirurgias bariátricas no HC, Solange Betini, o setor já está tentando montar um grupo de trabalho que reunirá os pacientes semanalmente com o objetivo de prepará-los para a cirurgia. "A intenção é pelo menos ajudar esses pacientes a estabilizar o peso ou emagrecer um pouco, para que possam ir para o procedimento com melhores condições", afirma.

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