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O homem preso na sexta-feira por espancar e acorrentar o enteado de 9 anos pode ser o primeiro vereador a ter o cargo cassado em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. O destino político de Joaquim Gonçalves de Oliveira, 56 anos, será decidido amanhã numa sessão extraordinária. A Comissão de Ética da Câmara Municipal tem 30 dias para avaliar se ele quebrou o decoro parlamentar ao agredir o menino a socos e amarrar uma corrente na perna dele. Só então um processo de cassação do mandato poderá ser aberto. Preso em flagrante, o vereador continua numa cela da delegacia de Alto Maracanã, em Colombo.

Figura folclórica, há anos ele mantém um serviço de ambulância na cidade. Ganhou popularidade na região do Alto Maracanã, onde vivem dois terços dos 230 mil habitantes de Colombo. Assim, Oliveira da Ambulância foi parar na política. Em meio a mais de 240 candidatos nas eleições municipais de 2004, ele se elegeu vereador com 4.302 votos, 3,5% de todo o eleitorado da cidade, a maior votação proporcional da região metropolitana. Mal consegue assinar o nome, mas foi empossado mesmo assim.

Oliveira não tardou a pegar a manha da política: logo mudou de legenda. Trocou o Partido Humanista da Solidariedade (PHS) pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN). O presidente da Câmara, Onéias Ribeiro de Souza (PT), diz que o trabalho parlamentar nunca foi o forte de Oliveira. Um dos seus raros projetos pedia 13.º salário aos vereadores, proposta já engavetada. Seria um agrado de fim de ano para ele mesmo, que ganha R$ 4,7 mil por mês, ou R$ 3,7 mil líquidos. Desse dinheiro, dava R$ 500 de pensão para a ex-mulher, Adinir de França, de 33 anos, sustentar os três filhos. Dava pouco dinheiro e carinho, mas não economizava nas agressões.

Após seis anos juntos, Adinir largou Oliveira por causa da violência. Ele até poupava os filhos de 3 e de 6 anos, mas castigava o maior, de 9 anos, que ao contrário das primeiras informações não é filho dele e sim enteado. Segundo a mãe, o menino apanhava sem motivo aparente. Na sexta-feira, ela não suportou mais e quebrou o silêncio. Encontrou o filho vertendo sangue pelo nariz, com hematomas no rosto e uma corrente com cadeado no tornozelo esquerdo. Avisou o Conselho Tutelar de Piraquara, onde mora com os filhos. O caso foi parar na delegacia de Alto Maracanã, onde Oliveira mora e agora está preso.

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