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Calouro da Faculdade da Amazônia expõe a violência praticada por veteranos | Arquivo pessoal/
Calouro da Faculdade da Amazônia expõe a violência praticada por veteranos| Foto: Arquivo pessoal/

“Quando saímos da sala, eles fizeram um corredor polonês e jogaram uma tinta escura em nossos corpos. A gente correu pro banheiro, meio desesperado. Começou a arder muito e logo percebi que tinham me queimado”, conta o estudante Vinicius Alexandre Reis, 18.

Recém-aprovado no curso de agronomia da Faculdade da Amazônia (FAMA), em Vilhena (Rondônia), Vinicius e mais 12 calouros sofreram queimaduras provocadas por uma mistura de creolina e tinta automotiva durante trote na faculdade no dia 15. Vinicius e outros três alunos foram internados – além das queimaduras, sentiram náusea e dor de cabeça.

O trote foi acompanhado por dezenas de estudantes – muitos riam, outros filmavam ou fotografaram as agressões. Três estudantes, também alunos de agronomia, foram expulsos após serem identificados, durante uma sindicância da faculdade, como os responsáveis pela organização do trote e pela compra da tinta e da creolina. Os nomes não foram divulgados.

A faculdade também suspendeu, por 60 dias, outros cinco alunos envolvidos nas agressões e repreendeu mais quatro que terão de frequentar sessões de psicoterapia. Eles ainda serão intimados a prestar esclarecimentos na Polícia Civil, que abriu inquérito para investigar o caso.

“SÓ RASPAR A CABEÇA”

Vinicius conta que, no primeiro dia de aula, os veteranos disseram que ninguém era obrigado a participar do trote. “Mas disseram que quem se recusasse a ir seria totalmente excluído de outras atividades”, disse. O acordo, porém, era “só raspar o cabelo dos meninos e passar lepecid (remédio de uso veterinário) nas meninas”.

Mãe de Vinicius, a professora de educação física Nádia Martins Reis ainda está inconformada com a violência dos veteranos. “Eles têm que pagar pelo que fizeram. A expulsão, ao meu ver, foi mais do que justa”, disse ela. Vinicius, segundo ela, cogitou desistir do curso, mas mudou de ideia.

Patrícia Clara Gomes, diretora-geral da Faculdade da Amazônia, emitiu uma nota dizendo que a instituição repudia totalmente qualquer tipo de violência e que as medidas adotadas pela instituição confirmam o compromisso com a defesa da dignidade humana.

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