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Em novo dia de protestos contra a expansão do cultivo de eucaliptos na zona sul do Rio Grande do Sul, a Via Campesina mobilizou nesta terça-feira (10) assentados para derrubar árvores plantadas em meio hectare de uma floresta da Votorantim Celulose e Papel em Candiota. Ao mesmo tempo, cerca de 400 mulheres marcharam pelas ruas centrais de Porto Alegre pedindo a suspensão dos incentivos governamentais à indústria da celulose e sua substituição por verbas de apoio á agricultura familiar. As manifestações fazem parte de uma jornada nacional de lutas da Via Campesina contra o agronegócio iniciada na segunda-feira.

Naquele dia, cerca de 600 mulheres derrubaram eucaliptos de um dos 7,5 mil hectares cultivados com a árvore na Fazenda Aroeira, propriedade rural de 14,5 mil hectares, da Votorantim Celulose e Papel, localizada nos municípios de Candiota, Hulha Negra e Aceguá. Nesta terça-feira, as manifestantes foram conduzidas pela Brigada Militar (a PM no Estado) a um ginásio na periferia de Candiota, para identificação. Sete líderes do grupo tiveram de prestar depoimento na Delegacia de Polícia Civil, onde assinaram termo se comprometendo a comparecer às audiências do inquérito que vai apurar as responsabilidades pela depredação

Até o final da tarde, as informações sobre o novo corte de eucaliptos eram desencontradas. Uma nota da Via Campesina afirmava que assentados haviam derrubado árvores em quatro diferentes lotes da floresta. A polícia de Candiota informou que houve uma invasão rápida, com derrubada de eucaliptos em pouco mais de meio hectare de uma área distante do acampamento das mulheres, feita possivelmente por agricultores assentados na região. A empresa confirmou que seus funcionários encontraram árvores no chão em área inferior a um hectare.

Recife

No Recife, mulheres ligadas à Via Campesina ocuparam na manhã desta terça-feira as sedes da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) nos municípios de Petrolina e Petrolândia, no sertão pernambucano. Elas reivindicam água para consumo e para irrigação de suas plantações e protestaram contra o agronegócio, em manifestações que deverão ocorrer durante toda a semana no Estado, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher - 8 de março.

"Moramos na beira do Rio São Francisco, mas não recebemos água em casa nem temos água para irrigar nossas plantações", afirmou Belisa Maria da Conceição, dirigente regional do MST, que integrou o grupo de 100 mulheres que ficaram até o início da tarde na sede da Codevasf em Petrolândia, a 429 quilômetros do Recife. Elas só deixaram o local depois da promessa de uma reunião na próxima semana em busca de uma solução.

Em Petrolina, a 769 quilômetros da capital, o protesto foi coordenado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores. Segundo Joselita Tavares, uma das líderes, 400 mulheres passaram toda a manhã na sede da Codevasf para denunciar que, enquanto as comunidades e acampamentos da área não têm água para beber nem para irrigar suas lavouras, os projetos de fruticultura irrigada são muito bem servidos. Também em Petrolândia, as mulheres invadiram a sede da Neoenergia (empresa privada que adquiriu a antiga companhia estadual de eletrificação), onde reclamaram do preço das contas de luz que consideram abusivas. A reportagem procurou mas não obteve retorno das instituições que foram ocupadas.

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