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Expectativa

Em quase 30 anos, linha deve atender 445 milhões de pessoas

O estudo de viabilidade do Trem Pé-Vermelho delimitou um prazo de três anos para a execução das obras e 27 anos para a operação do serviço. Ao longo desse período, a linha regional atenderá cerca de 445 milhões de pessoas.

O custo médio de cada quilômetro de via está estimado em R$ 4,7 milhões, segundo o estudo. Já o valor dos veículos gira entre R$ 2,8 milhões e R$ 3,5 milhões, de acordo com a capacidade de passageiros a serem transportados. Esse número varia de 358 a 766 pessoas (sentadas e em pé).

Entre os entrevistados durante o estudo de viabilidade, 80% disseram que trocariam o transporte rodoviário pelo ferroviário. O modelo de licitação sugerido é o de participação parcial do poder concedente. A União entraria com valores de 30% a 50% do custo do empreendimento e o vencedor da licitação com o restante.

Projeto

Na semana passada, o Ministério das Cidades publicou portaria no Diário Oficial da União autorizando a elaboração do projeto executivo do Trem Pé-Vermelho.

A ação preparatória veio após a aprovação da proposta pelo Comitê Gestor do PAC, em fevereiro.

A responsabilidade sob a seleção está a cargo do governo do Paraná. R$ 10 milhões devem ser destinados ao projeto de execução.

A implantação do chamado Trem Pé-Vermelho, projeto de transporte regional de passageiros no Norte e Noroeste do estado, deve implicar a substituição da linha de carga hoje utilizada pela América Latina Logística (ALL) nessas re­giões. Estimada inicialmente em R$ 700 milhões, a obra deverá contar com recursos do PAC da Mobilidade, do governo federal. O trem ligará Paiçandu a Ibiporã, passando por Londrina e Maringá. Ao todo, serão atendidos 13 municípios ao longo de 152 km.

INFOGRÁFICO: Veja a rota estabelecida pelo estudo de viabilidade

O estudo de viabilidade econômico-financeira, encomendado pelo Ministério dos Transportes em 2010, indicou a necessidade de construção de uma nova via ferroviária, na mesma faixa de domínio da atual, para comportar o transporte de cargas. Com isso, a linha antiga ficaria livre para o trem de passageiros. "Usar a mesma linha tornaria o transporte muito demorado, afetando sua frequência e sem gerar atratividade para as pessoas", explica Fernando Kireeff, presidente da Agência de Desenvolvimento Terra Roxa, uma das principais apoiadoras da proposta.

Kireeff observa que, durante o estudo de viabilidade desenvolvido, os pesquisadores usaram um auto de linha e demoraram mais de oito horas para percorrer o trecho Apucarana-Londrina. A maior parte do tempo foi gasta com paradas em desvios e espera da passagem de trens de carga que vinham em sentido contrário. A experiência mostrou ser inviável o compartilhamento da ferrovia, e fundamental a necessidade de contemplar uma via paralela. Como a faixa de domínio deve ser a mesma, não seriam necessárias desapropriações.

"O passageiro não pode ficar à mercê do transporte de carga", emenda o professor Rodolfo Philippi, que coordenou o estudo feito pelo Laboratório de Transportes e Logística (Labtrans), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

VLT

Segundo o professor, o trem de passageiros deve consistir em um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), com velocidade média de 40 a 60 km por hora, podendo chegar a 80 km/h. As composições devem ter de dois a quatro módulos. Ainda conforme Philippi, o trajeto Paiçandu-Ibiporã deverá ter 19 estações, pátios e oficinas, e uma tarifa que varia conforme o tempo de viagem e a distância.

Discussão sobre o modal se arrasta há sete anos

Parte de um conjunto de 18 propostas de linhas regionais, o Trem Pé-Vermelho é a que está mais adiantada no governo federal. O projeto já rende discussões no Paraná há pelo menos sete anos. Primeiro houve a inclusão do trecho em um mapeamento de 64 rotas ferroviárias abandonadas no país. Depois, veio a seleção do projeto entre as 18 propostas e, então, a elaboração do estudo de viabilidade.

Para o presidente da Agência de Desenvolvimento Terra Roxa, Fernando Kireef, o impacto do trem para as regiões Norte e Noroeste deve passar não só pela melhoria da mobilidade urbana, mas também pela integração entre os municípios. "Isso ajudaria a tornar a economia local mais eficiente", diz.

Credibilidade

O professor do Depar­tamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e presidente da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), Roberto Gregório da Silva Júnior, avalia que o novo modal de transporte público deve garantir mais credibilidade ao serviço. "Se tem maior previsibilidade quanto a trajetos e horários, sem interferências, tem-se também uma solução mais adequada do ponto de vista da sustentabilidade. Ao trocar o veículo particular por esse modal, teríamos mais pessoas sendo transportadas por metro quadrado, e redução nas emissões."

Rodolfo Philippi, professor do Laboratório de Transportes e Logística, da UFSC, reitera que o objetivo do Trem Pé-Vermelho é diminuir o número de automóveis nas rodovias. O projeto, na opinião dele, deve resgatar ainda a cultura do transporte ferroviário. "É um transporte que está defasado, abandonado há anos no país."

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