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“Desde criança tenho o ímpeto de inventar as coisas. Me chamavam de MacGayver. Vou tendo dificuldades no dia a dia e vou fazendo adaptações.” Roberto Ricardo Almeida, 40 anos, lixador e inventor do coletor de pó para máquina lixadeira | Marcos André Lima/ Gazeta do Povo
“Desde criança tenho o ímpeto de inventar as coisas. Me chamavam de MacGayver. Vou tendo dificuldades no dia a dia e vou fazendo adaptações.” Roberto Ricardo Almeida, 40 anos, lixador e inventor do coletor de pó para máquina lixadeira| Foto: Marcos André Lima/ Gazeta do Povo

Ajuda

Só boas ideias não bastam: é preciso inovar

Uma boa ideia na cabeça não basta para uma invenção ganhar as ruas. Para inventar, é preciso aliar inovação. A afirmação é de Filipe Cassapo, diretor-executivo do Centro Internacional de Inovação (C2i) da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). "A invenção é algo interessante quando se consegue converter em inovação. Inventar é diferente de inovar. Tem de ter desenvolvimento do negócio, aceitação do mercado", explica. O papel da C2i, diz Cassapo, é justamente aliar o inventor ao empreendedor ou fazer com que o inventor se torne seu empreendedor. "Nosso papel é tentar ajudar a tirar a invenção do papel. O inventor atinge sua plena potencialidade para ele e para a sociedade a partir do momento em que ele se torna empreendedor ou faz parceria com um empreendedor", afirma.

Assessoria

Ajudar a tirar invenções do papel também é a função da Associação Nacional dos Inventores (ANI). Com 1,5 mil inventores associados, a associação, que tem sede em São Paulo mas atende em todo o país, presta assessoria para que uma boa ideia vire um produto disponível a todos no mercado. O espaguete de piscina usado como bóia no mundo todo, por exemplo, passou pela ANI antes de ser lançado no mercado e cair nas graças do público. "Pela cultura brasileira, as pessoas costumam não acreditar muito. O primeiro passo é acreditar na sua ideia", afirma a diretora da ANI, Daniela Mazzei. (TC)

Serviço

Veja mais informações sobre como tirar uma invenção do papel nos sites www.c2i.org.br e www.inventores.com.br

Ser chamado de Professor Pardal (personagem do mundo dos quadrinhos, amigo do Pato Donald e do Tio Patinhas) ou MacGyver (personagem principal da série americana "Profissão: Perigo", famosa entre as décadas de 80 e 90) é rotina para eles. Em comum também, eles têm muitas ideias na cabeça e vontade de fazer deste um mundo melhor, ou pelo menos, mais confortável. Os inventores independentes não existem só na ficção. Em um laboratório de universidade, ou em uma garagem de casa, lá estão eles, pensando em como tornar as nossas vidas mais fáceis.O economista e engenheiro mecânico Renato César Pompeu é um exemplo. Aos 13 anos, trouxe ao mundo sua primeira invenção: uma bicicleta com motor de motosserra. Aos 14 anos, resolveu montar um minibuggy. Não parou mais. Fez um carro Hot Rod (automóvel antigo) com motor V8, uma Kombi com motor V8 e o Pompeo, sua invenção mais famosa. "Sempre gostei de mecânica. Desde pequeno meu pai me levava ao autódromo", conta.

O Pompeo é um misto de triciclo com carro elétrico. Nascido em 2005, veio para tentar resolver o problema de transporte urbano de forma sustentável: ocupando menos espaço nas ruas e gastando menos combustível que um carro tradicional. O protótipo só ficou pronto depois de quatro anos de nascida a ideia – com dinheiro do próprio bolso de seu idealizador, é claro. Protótipo acabado, o Pompeo estava pronto para entrar no mercado, certo? Estava, mas ainda faltava dinheiro. "O projeto está terminado, mas estamos aguardando uma oportunidade para ter capital de investimento e montar uma fábrica", diz Pompeu.

Essa falta de recursos é comum aos "professores pardais" da vida real. "Sem muitos recursos, muitas ideias boas acabam ficando no papel", afirma Pompeu, dono de cinco patentes: uma panela com fundo côncavo, um termômetro para ducha, um carrinho de limpeza urbana, um aquecedor para combustível e, claro, o Pompeo. Ele conta que são necessários, em média, sete anos para se conseguir o registro de algum produto. O custo vai de R$ 3 mil a R$ 5 mil. "Isso se você fizer de forma particular. Se você contratar uma empresa, o valor pode triplicar."

Pompeu divide o tempo entre as aulas que dá na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e suas invenções. Ele aproveita o caminho entre sua casa, em Cascavel, no Oeste do estado, e o câmpus em que dá aula, em Medianeira, para pensar em novas ideias. "É uma hora de estrada. Algumas ideias vão surgindo", diz. Enquanto Pompeu tem suas ideias no caminho para o trabalho, o empresário do ramo de gesso José Luiz Zardo, 46 anos, diz que dorme e acorda com as novas descobertas na cabeça. "Parece coisa de Deus."

Zardo, que já patenteou um cigarro com dois filtros – para quem está parando de fumar e quer fumar só metade –, agora sonha em mostrar para o governador sua nova invenção: uma espécie de boiler caseiro. Ao custo total de R$ 180, com um resistor, um termostato, uma caixa d’água e um disjuntor, ele diz ter achado a solução para o problema de energia. "O chuveiro é o grande vírus do sistema. É ele que faz cair o sistema." Com a ideia dele, o boiler caseiro esquenta água da caixa em um horário fora do pico. "Quando vou usar o chuveiro no horário de pico, minha água já está quente." O sistema já funciona na casa dele.

O lixador de tacos Roberto Ri­­cardo Almeida, 40 anos, não tem novas ideias a caminho do trabalho, nem acorda com elas na cabeça. É quando está ralando mesmo, lixando piso, que lhe vem à mente as soluções para seus problemas. Ele tem quase uma dezena de instrumentos que usa no dia a dia. Foi trabalhando que inventou, por exemplo, um coletor de pó para máquina lixadeira. Com o coletor, ele lixa o chão sem espalhar pó. O sonho de qualquer cliente. "Eu andava trabalhando desanimado com aquele pó que subia até o teto, quando comecei a desenvolver o coletor. O trabalho era desumano. Hoje, o principal retorno que eu tenho é dos clientes, que ficam felizes porque consigo lixar sem fazer bagunça."

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