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Por duas vezes a estudante reconheceu e apontou para o suspeito preso pela polícia |
Por duas vezes a estudante reconheceu e apontou para o suspeito preso pela polícia| Foto:

Preservar inocentes

A Gazeta do Povo adota como princípio editorial não revelar o nome de suspeitos de crimes enquanto não houver condenação judicial ou, no mínimo, indiciamento em inquérito policial concluído. A decisão, que pode ter exceções em casos de flagrante ou quando houver provas fortíssimas de culpa, visa a preservar inocentes que possam ser falsamente acusadas de atitudes criminosas. Isso porque um dos princípios básicos do bom jornalismo é a presunção da inocência.

Por isso a Gazeta não havia divulgado até esta quinta-feira o nome do homem considerado pela polícia como o principal suspeito do crime do Morro do Boi. O jornal também não havia publicado o nome de Monik Lima nem sua imagem, por acreditar que a exposição de uma vítima de crime hediondo não é necessária. No entanto, a própria vítima e a família decidiram por sua exposição pública, o que tornou a decisão sem efeito.

A polícia divulgou nesta quinta-feira (26) um vídeo do momento em que a estudante Monik Lima , 23 anos, que foi ferida no Morro do Boi, em Caiobá, no final de janeiro, reconheceu o principal suspeito. Ela disse ter certeza que Juarez Ferreira Pinto, 42 anos, é o homem que a molestou e matou o namorado dela, o estudante Osíris Del Corso, 22 anos. O inquérito do caso foi encerrado e o suspeito indiciado por homicídio, latrocínio tentado e atentado violento ao pudor.

Na noite do dia 19 de fevereiro, Juarez foi levado até o hospital onde a jovem estava internada. O reconhecimento foi feito em três etapas. A estudante estava em uma maca e, através de um vidro, viu cinco pessoas. Na primeira vez, o suspeito não foi colocado no grupo e Monik não reconheceu nenhum dos homens. Juarez, então, colocado entre o grupo, é reconhecido pela estudante.

O procedimento foi repetido pela terceira vez, mas agora com o suspeito em outra posição. O delegado que comanda a investigação, Luiz Alberto Cartaxo Moura, perguntou se ela reconhecia alguém. A estudante apontou o homem que segurava a placa com número dois. "É ele, pelo amor de Deus", afirma a estudante.

Cartaxo disse, durante entrevista coletiva, que dois fatos novos foram conclusivos para o encerramento do inquérito. O primeiro foi uma nova testemunha. Na segunda-feira (23) foi ouvida a mulher de um bombeiro que estava na praia na manhã em que a jovem foi resgatada. Ela e o marido estavam de férias, mas mesmo assim foram acompanhar a movimentação do Siate. "Enquanto ele conversava com os bombeiros, um cidadão se aproximou dela e, sem saber do que se tratava, perguntou se a moça tinha morrido", relatou Cartaxo. Além desta testemunha, mais dois seguranças que assistiram ao resgate, segundo Cartaxo, também afirmaram ter visto Juarez na praia.

Mais uma situação que a polícia atribui ser conclusiva para o inquérito foi o álibi apresentado por uma colega de trabalho de Juarez. "Ela apresentou um caderno de registro onde consta o pagamento de um vale para o Juarez, entregue no dia 31. Ou seja, ele só poderia receber este vale se estivesse trabalhando. Porém, analisando melhor o documento, verificamos que o caderno está visivelmente adulterado nas datas desde o dia 30 de janeiro até o dia 13 de fevereiro. Estas alterações fizeram com que o dia 2 de fevereiro fosse datado no dia 31".

De acordo com a polícia, a funcionária que apresentou o caderno ainda pode responder por falso testemunho e uso de documento falso. "Se restava alguma dúvida sobre a possibilidade de Juarez não ser o autor do crime, foi completamente eliminada pela medíocre tentativa de desvirtuar a verdade com a utilização de um álibi fundamentado em uma grotesca falsificação. Não há mais dúvidas de que Juarez é o autor do crime e deverá ser punido por isto", concluiu Cartaxo.

Pelos crimes de homicídio, latrocínio tentado e atentado violento ao pudor, Juarez pode pegar até 50 anos de reclusão. O acusado já ficou preso entre os anos de 2005 e 2007.

Prisão

Juarez foi preso no dia 17 de fevereiro, em um sobrado, no balneário Santa Terezinha, em Pontal do Paraná. No final da semana anterior à prisão, a polícia chegou a ouvi-lo na delegacia de Matinhos. Nessa ocasião, Juarez ainda foi fotografado e filmado para ser mostrado à vítima. "Ele negou qualquer participação e disse que sequer conhecia o local em que o crime foi cometido", disse Cartaxo. As imagens realizadas foram mostradas para a vítima, que o reconheceu sem sombra de dúvidas.

DNAO resultado do exame de DNA feito pelo Instituto de Criminalística comparando o sangue do preso com as manchas encontradas em uma camiseta deu negativo. O delegado disse que o resultado já era esperado. "Num primeiro momento, a jovem ainda muito abalada achou que pudesse ser a camiseta, mas depois, mais calma e recuperada parcialmente do choque, a vítima não reconheceu a camiseta", contou à Sesp.

Crime

O crime aconteceu na tarde do dia 31 de janeiro, quando a jovem e o namorado, Osíris Del Corso, estavam em uma trilha no Morro do Boi e tentava chegar à Praia dos Amores. No caminho, os dois foram atacados.

Na tentativa de defendê-la, o namorado levou um tiro no peito e morreu. A moça foi atingida por um tiro nas costas e ficou caída no local. Os dois só foram localizados na tarde de domingo (1º). A jovem esperou por 18 horas na mata até ser resgatada.

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