O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, negou nesta quinta-feira (22) que a vinda de médicos de Cuba para atuar no Brasil seja uma decisão ideológica do governo federal e refutou que a chegada de até 4 mil profissionais do país neste ano seja moeda de troca para investimentos brasileiros em Cuba.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o chanceler ouviu críticas da oposição sobre o ingresso de médicos sem a revalidação de diplomas, prevista no programa Mais Médicos.
O deputado federal Mandetta (DEM-MS), questionou, por exemplo, se o Brasil teria alguma "troca comercial" com a chegada desses médicos, citando por exemplo as obras no porto de Mariel, tocadas pela Odebrecht com financiamento do BNDES.
"Não. Não existe escambo nem jamais passou pela cabeça de qualquer membro do governo a ideia de escambo por um acesso a investimentos. São iniciativas que obedecem a lógicas extremamente distintas", disse o ministro.
Patriota ponderou que diversos países já recorrem a médicos estrangeiros para suprir a falta de profissionais em seu país e disse que o fato de o acordo com Cuba ser feito via Opas (braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas) garante que o país adote essa política "dentro das melhores práticas internacionais".
Patriota negou ainda o viés ideológico na decisão de trazer os médicos cubanos.
"Não tem motivação ideológica de qualquer tipo. Tem muito médico cubano disposto a fazer esse trabalho. Talvez não tenha muito médico austríaco [disposto] a trabalhar no interior do Brasil nas condições que temos", disse o ministro.
Na primeira rodada do Mais Médicos, apenas 10,5% das vagas foram preenchidas.De acordo com Patriota, grande parte dos cubanos que estão vindo para o Brasil já trabalhou em países africanos de língua portuguesa e tem em média 16 anos de experiência.
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