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Cerca de 100 moradores do bairro Jardim das Américas, em Curitiba, foram para as ruas ontem à tarde para exigir uma maior presença da polícia na região. Segundo eles, assaltos a casas e estabelecimentos comerciais e roubos de veículos se tornaram comuns no bairro, que conta apenas com uma viatura do projeto Povo (Policiamento Ostensivo Volante) e duas motocicletas da Polícia Militar para atender uma área de aproximadamente 3,8 mil metros quadrados e cerca de 13 mil moradores.

Pessoas que moram há décadas na região dizem que nunca viram uma onda de violência como a atual. É o caso do comerciante Édson Talamina, 59 anos, que vive há 20 anos no bairro. No dia 10 de setembro, a casa dele foi invadida por três assaltantes armados, que mantiveram a família sob a mira do revólver. "Deram coronhadas na minha filha e chutaram o rosto do meu filho", relata o comerciante, que exibe uma cicatriz na testa. "Quando viram que tinha pouca coisa no cofre, arrastaram minha filha pelos cabelos."

A manifestação de ontem durou cerca de uma hora. Os moradores se reuniram em uma praça do bairro e, portando faixas e gritando "Queremos segurança", bloquearam o trânsito na Avenida Coronel Francisco dos Santos. Segundo uma das organizadoras da passeata, a comerciante Heloísa Almeida Castro, 30 anos, a idéia é repetir o protesto no próximo dia 28.

Heloísa e o marido dela, Carlos Castro, já foram vítimas da violência. Na terça-feira da semana passada, o restaurante deles foi invadido por três assaltantes. "Um deles rendeu os clientes com uma 765 e outro, com um 38, obrigou meu marido a se ajoelhar. Enquanto isso, limparam o caixa", conta Heloísa. "Foi o terceiro assalto que sofremos."

Segundo os moradores, é comum os assaltantes usarem motocicletas. "Eles sempre andam em dois", relata a dona de casa Circe da Luz, 63. "A polícia passa como se o bairro fosse um paraíso." São tantas as ocorrências que Circe tem de puxar pela memória. "Já invadiram minha casa, roubaram o carro do meu filho, o som do carro da minha filha, a bicicleta do meu neto", enumera.

Outra reclamação é em relação à demora da Polícia Militar. "Na semana passada, assaltaram uma locadora e uma pizzaria. A polícia disse que ia demorar, porque a viatura estava com o pneu ruim", conta o educador Alfredo Pires, 53. "Minha cunhada chamou a polícia e demoraram uma hora", diz a dona de casa Ana Maria Leite, 50 anos.

A onda de violência tem feito moradores pensarem em mudança. É o caso do advogado paulista Alécio Polverini, 67 anos, que teve a casa assaltada na semana passada. "Setembro foi um mês de horror", diz ele. "Morei 58 anos em São Paulo e nunca me aconteceu nada."

A bióloga Ana Lúcia Bandini, 31 anos, também pensa em se mudar para São Paulo, onde o marido trabalha. "Em março, dois motoqueiros roubaram o som do meu carro. Em abril, minha casa foi arrombada. O que falta por aqui é investigação por parte da polícia", comenta.

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