Cena do documentário “Pequena Garota”, de dezembro de 2020, que trata do cotidiano de uma criança de sete anos que nasceu menino, mas se declara menina| Foto: Divulgação
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Nos últimos anos, a campanha dos defensores da ideologia de gênero pela aceitação popular de suas bandeiras deixou de se dirigir somente a adultos e passou a focar também em crianças e adolescentes. Documentários e obras de ficção que romantizam o drama de crianças transgênero e vendem seus processos de mudança de sexo como histórias de superação contra uma sociedade retrógrada são cada vez mais comuns no cinema, na TV paga, nos sites de streaming e no YouTube.

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A ofensiva também se dá no ambiente escolar – onde se multiplicam os casos de currículos da rede pública que pretendem impor às crianças os preceitos da ideologia de gênero – e, ainda, no poder público brasileiro. Os colégios particulares não escapam à tendência, e as universidades, como se sabe há algum tempo, são um berço dessas ideias.

Diante desse quadro, combater a imposição da ideologia de gênero a crianças e adolescentes deverá ser um dos grandes desafios para o governo Bolsonaro nos próximos dois anos. Essa foi, afinal, uma de suas principais promessas de campanha no campo dos costumes, e, desde 2018, é evidente que a ofensiva dos proponentes da ideologia de gênero se tornou mais agressiva e aberta.

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Ministério de Damares tem plano para combater violência ideológica

No Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), principal responsável do governo Bolsonaro pela tarefa de levar a cabo essa promessa de campanha, a violência ideológica contra crianças é vista com preocupação crescente. E, a menos de dois anos do fim do governo, o ano de 2021 pode ser chave para que se deixe algum legado no combate a esse problema.

“Nós consideramos a imposição da ideologia de gênero em algumas escolas como uma violência ideológica. Ela não é científica, é uma ideologia. É uma teoria sem validade científica, de que gênero é meramente uma construção social. Isso está presente em alguns currículos escolares, e nós consideramos isso uma violência, sim”, afirma Maurício Cunha, secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do MMFDH.

Para elaborar políticas de enfrentamento à violência ideológica, o ministério de Damares realizará em março deste ano um fórum sobre o tema. “A gente não quer que seja só uma capacitação, uma palestra. A gente quer gerar um documento com políticas e ações concretas de enfrentamento a esse tipo de violência”, diz Cunha.

Educadores, juristas e médicos serão chamados para dar respaldo científico à discussão. Entre eles estarão alguns especialistas que discordam de uma decisão recente do Conselho Federal de Medicina que permitiu o tratamento hormonal para mudança de gênero antes dos 18 anos. “A gente considera isso um equívoco, porque não há maturidade psíquica para essa decisão. A gente vai trazer médicos e pessoas da área da saúde que comprovam essa visão”, afirma o secretário.

O fórum ocorrerá em três dias. No primeiro, expositores especialistas em violência ideológica contra crianças vão abordar os principais pontos de discussão. No segundo, serão apresentadas experiências exitosas no enfrentamento à violência ideológica. No terceiro dia, uma reunião com diversos especialistas definirá políticas de enfrentamento a esse tipo de violência.

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Nos últimos meses, indústria do entretenimento intensificou a ofensiva da ideologia de gênero para crianças

O fórum sobre violência ideológica contra crianças ocorrerá num momento em que a ofensiva da indústria do entretenimento nessa área se torna mais intensa.

No fim do ano passado, dois documentários que abordam a transição de gênero de crianças com clara conotação ideológica foram lançados em plataformas de streaming e celebrados por críticos de viés progressista.

O americano Transhood, de novembro de 2020, acompanha durante anos o cotidiano de quatro crianças a partir das idades de 4, 7, 12 e 15 anos que passam por um processo de transição de gênero. O francês Pequena Garota , lançado em dezembro de 2020 – e avaliado pelo jornal francês Le Parisien como “edificante, luminoso e amoroso” –, mostra o dia a dia de uma criança de sete anos que tem sexo biológico masculino mas se declara menina.

Nos Estados Unidos, em um processo seletivo que terminou na segunda (11), o canal de TV paga Nickelodeon realizou um concurso para selecionar atores adolescentes americanos que se identificam como transgênero. Os selecionados vão receber um curso por videoconferência com Michael D. Cohen, um ator de 45 anos do canal que atua no seriado "Henry Danger" e, em 2019, revelou ser transgênero. O plano parece ser trazer um jovem transgênero para o elenco do canal.