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NOVIDADE | Mauro Campos
NOVIDADE| Foto: Mauro Campos

"É uma virose, se não melhorar em alguns dias, você volta aqui". Ouvir essa frase de um médico é tão comum quanto angustiante. Na falta de um diagnóstico preciso, o médico acaba sendo acusado de não saber ao certo o que o paciente tem ou de ser displicente. A verdade é que nem sempre há o que fazer a não ser esperar que o próprio organismo dê conta da infecção.

Por definição, virose é qualquer infecção causada por vírus, desde um simples resfriado até doenças mais complexas como catapora, sarampo e até mesmo aids. O vírus é um parasita que se instala nas células. Dependendo do tipo e de onde ele se aloja, há uma doença diferente. Por exemplo: no caso de uma gripe ou resfriado, o vírus é contraído pelas células das vias respiratórias. Nesta época do ano, as infecções respiratórias são comuns por conta do tempo seco, que resseca as mucosas nasais, facilitando a entrada do vírus. O que acontece nesses casos é que como os sintomas são similares e não há tratamento específico, um diagnóstico genérico já costuma ser suficiente. Ou seja, a ausência de prescrição de algum medicamento ou a afirmação de que se trata de uma virose não é indício de incompetência médica ou falta de conhecimento do profissional. "Nesses casos não há tratamento. O que dá pra fazer é tentar aliviar os sintomas", explica o infectologista pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, Victor Horácio Costa Júnior.

No entanto, não é todo mundo que se contenta em ouvir que o problema é uma virose. Para a infectologista Claudia Gasparin, especialista em viroses respiratórias, hoje é mais comum que os pacientes não se sintam satisfeitos com o diagnóstico genérico. Para ela, essa mudança no comportamento tem a ver com os avanços da medicina. "Antigamente a gripe, que também é uma virose, não tinha tratamento. Hoje tem. Os pacientes acompanham essa evolução e cobram do médico", explica.

A cabeleireira Sandra Garcia, 32 anos, é uma que não se dá por satisfeita ao ouvir que um dos filhos têm uma virose. Mãe de Eloíse, de 13, e de João, 2, ela aprendeu a questionar e pedir explicações aos médicos. "Se você não pergunta, fica por isso mesmo", comenta. Para ela, os médicos deveriam dar mais explicações. "Se eles explicassem o que a criança tem, porque tem de fazer tal tratamento ou porque tem só que esperar melhorar as mães não se sentiriam tão ansiosas ou inseguras. Acho que as mães devem explorar mais o conhecimento dos médicos", diz. Sandra conta que já precisou levar as crianças em mais de um médico por não confiar no diagnóstico.

A falta de confiança na palavra do profissional é um dos fatores que dificultam o tratamento. Sem acreditar no diagnóstico, os pais podem suspender a medicação ou ainda iniciar outra por conta própria, o que pode resultar em uma série de implicações para a saúde da criança.

Para que o profissional não erre na identificação da doença, a observação dos sintomas é fundamental. "É muito importante o médico saber diferenciar uma virose de uma infecção bacteriana, por exemplo, para não utilizar antibióticos em vão. O uso desses medicamentos erroneamente, além de não dar resultado, é prejudicial para o paciente porque acaba selecionando bactérias resistentes no organismo", afirma Cláudia.

As mais comuns

Das inúmeras infecções causadas por vírus, as respiratórias e as gastrointestinais são as mais comuns. Dessas últimas, a mais freqüente é o rotavírus, que causa diarréia, vômito, febre e tem como principal complicação a desidratação. Já das viroses respiratórias, as mais comuns são gripe e resfriado, que muitas vezes são confundidos uma como a outra. Ao contrário da gripe, que é sazonal, o resfriado acontece durante todo o ano. Eles podem ser causados por diferente tipos de vírus e têm tratamento apenas sintomático. "São vírus muito mutantes e geralmente não é preciso fazer uma investigação para saber qual o tipo porque os sintomas são parecidos e melhoram depois de alguns dias", diz a médica.

Em geral, as viroses tem um quadro de manifestações que duram em média uma semana. Se após esse período, os sintomas continuarem, é importante retornar ao médico pois pode ser indício de alguma complicação.

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