
Praticamente metade das apreensões de animais feitas pelo Ibama tem origem no tráfico. Dos 31.019 animais apreendidos no país conforme o levantamento parcial do instituto em 2007, 14.558 tinham como origem o comércio ilegal. Só no santuário mantido pelo médico Luciano do Valle Saboia em Campina Grande do Sul, 90% dos 1,5 mil animais são oriundos da fiscalização do Ibama contra o tráfico.
O tráfico de animais é a terceira principal fonte ilegal de renda no mundo, atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. Só no Brasil, conforme relatório da ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), são aproximadamente 400 quadrilhas especializadas que movimentam entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões por ano o equivalente entre R$ 2,18 bilhões e R$ 4,36 bilhões.
Entre as ações do Ibama para conter o avanço do tráfico, está a fiscalização dos criadores e mantenedores de animais silvestres. Todos os animais dessas propriedades devem ser cadastrados e os proprietários devem apresentar ao Ibama relatórios das condições de cada animal. "O objetivo é evitar que essas propriedades virem fachada para alimentar o tráfico", explica o coordenador do Departamento de Gestão do Uso de Espécies da Fauna do Ibama, João Pessoa Moreira Júnior.
Moreira faz ainda um apelo à população para que não compre animais do tráfico. Ele lembra que, além de aumentar o risco de extinção de várias espécies e do prejuízo à saúde do animal geralmente transportados em recintos apertados e sem ar , a reintrodução na natureza é demorada e cara. "É preciso avaliar a saúde do animal para não criar problemas sanitários, monitorar as áreas onde eles serão soltos, confirmar se ele realmente tem condições de viver em liberdade, entre outras atividades", aponta o coordenador. Como exemplo, ele cita o caso de 38 papagaios apreendidos em 2005 no Espírito Santo. Após todas as análises técnicas-científicas obrigatórias, somente neste ano os animais retornaram à natureza.




