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Famílias que passam pelo trauma de um seqüestro preferem não falar sobre o assunto. A reportagem entrou em contato com vítimas ou parentes de três dos 28 casos registrados no estado a partir de 2003. Alguns chegaram a falar por telefone, mas só até tocar no assunto.

Uma moça curitibana, filha de um empresário do ramo alimentício, que ficou 53 dias no cativeiro, diz que não fala para cumprir um pacto feito com a família. "Eu não fiquei com problemas, mas não posso comentar o assunto." Ela foi encontrada na Zona Leste da capital paulista. Na época, os seqüestradores exigiam U$ 5 milhões antes do Grupo Tigre prendê-los.

Os pais de uma criança de 5 anos seqüestrada em Campo Largo, em 2005, também não quiseram falar. A menina foi levada por uma comadre da família, que pedia R$ 300 mil de resgate para entregar a vítima. O Grupo Tigre prendeu a mulher e seus cúmplices numa chácara na cidade de Quitandinha, na região metropolitana de Curitiba, dois dias depois.

Assim como eles, um piloto de helicóptero que teve a esposa, a filha e a empregada seqüestrados por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), igualmente se recusa a falar. Segundo as investigações na época, o objetivo dos seqüestradores era forçá-lo a usar a aeronave para resgatar um líder do PCC em um presídio do interior de São Paulo. O crime ocorreu no dia 4 de agosto de 2005. Uma operação conjunta do Grupo Tigre com a Polícia Federal encontrou as reféns quatro dias depois em um cativeiro no bairro Boqueirão.

O perito criminal da PF Ângelo Salignac topou contar detalhes do caso Wellington Camargo, irmão dos cantores sertanejos Zezé di Camargo e Luciano, embora não tenha citado o nome da vítima durante a conversa. Ele foi seqüestrado em Goiás, na década de 90.

Segundo Salignac, que coordenou as negociações, o resgate chegou a ser pago, mas o valor foi bem menor que os U$ 5 milhões exigidos. "A família pagou 5% (U$ 250 mil). E mais de 90% foram recuperados e devolvidos à família pela polícia", lembra. Os seqüestradores arrancaram um pedaço da orelha de Wellington para provar que ele estava vivo.

Salignac explica que o trabalho de investigação foi extremamente sofisticado e caro. "A Polícia Federal acompanhou a vítima a metros de distância. Usamos métodos de operações de análise do tráfico internacional de drogas. A gente não sabia onde ele seria liberado. O trabalho era para proteger a pessoa, não o dinheiro", lembra.

Wellington Camargo, que é deficiente físico, foi localizado cerca de seis horas depois do pagamento do resgate. Um pouco antes, os seqüestradores começaram a ser presos. Eles eram da quadrilha dos irmãos Oliveira – bandidos do interior do Paraná com fama nacional.

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