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Matinhos – A dificuldade financeira em que vive a família Santos não deixa outra alternativa: o Natal acaba passando como um dia qualquer na vida deles. A dona de casa Daiane Souza Santos, 17 anos, nunca teve a oportunidade de comprar presentes para os seus filhos Pâmela, 2 anos, e Fabiano, 4 anos. O marido, Celino, trabalha como servente, mas o dinheiro que recebe mal dá para as contas e a comida. "Neste ano vamos ter de economizar o arroz e feijão até o ano novo", relatou.

Mas ontem os filhos de Daiane puderam comemorar. Pela primeira vez eles receberam presentes do Papai Noel, que trouxe também uma singela, mas alegre festa. Pâmela e Fabiano estavam entre as 400 crianças pobres de Matinhos, no litoral do estado, que têm a sorte de conviver com uma senhora que tem muito em comum com o bom velhinho. Há 20 anos, a auxiliar de enfermagem aposentada Emília Martins dos Santos, 82 anos, mais conhecida como Vó Emília, tenta deixar o Natal mais alegre para o máximo de crianças possível.

Morando há três anos no município, Vó Emília faz um bingo todos os meses em sua casa para arrecadar dinheiro para a festa. O valor obtido desta vez não cobriu todas as despesas e ela tirou R$ 853 do próprio bolso. "Se cada um ajudasse com um pouquinho eu acredito que nenhuma criança ficaria sem presentes no Natal porque o pouco, no fim, se torna muito", disse.

A boa ação de Vó Emília é motivada pelo sofrimento que passou durante a infância. De família pobre, ela só ganhou o primeiro presente de Natal – um relógio de pulso – aos 16 anos, das pessoas da casa em que trabalhava como empregada doméstica. "A minha família era muito pobre, a gente não tinha nem o que comer direito. O nosso Natal era ir à missa", recordou.

Na festa organizada por ela, as crianças ontem faziam fila e esperavam ansiosas pela chegada do Papai Noel. Parcerias e doações da própria comunidade garantiram o lanche de meninos e meninas. No cardápio, refrigerante, cachorro-quente, pipoca e doces. Mas os olhinhos estavam atentos para o saco de brinquedos, comprados com um cuidado todo especial. Vó Emilia faz uma inscrição prévia, por meio de uma urna colocada nos postos de saúde do município. "É para eu saber a idade deles e comprar o presente ideal", explicou. Uma atenção que só mesmo alguém com o coração muito parecido com o do bom velhinho poderia ter.

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