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Juliana e Ricardo mostram a foto do casamento: internet reuniu a família | Pedro Serápio / Gazeta do Povo
Juliana e Ricardo mostram a foto do casamento: internet reuniu a família| Foto: Pedro Serápio / Gazeta do Povo

Redes criam um novo jeito de se relacionar

Oito em cada dez internautas brasileiros têm perfil em alguma rede social, mostra um levantamento do Ibope Nielsen Online. São 32 milhões de brasileiros conectados em sites de relacionamento. Em média, eles passam 5 horas e 2 minutos por mês navegando nas comunidades virtuais.

O surgimento das primeiras ferramentas que possibilitaram a produção e troca de informação online – usenet, ICQ, IRC, e-mail – deram origem às redes sociais na internet, explica o professor Ewout ter Haar, do Departamento de Física da Universidade de São Paulo (USP), idealizador do Stoa, rede social para alunos, professores e funcionários da instituição. A massificação ocorreu a partir do ano 2000, com o surgimento de blogs e, posteriormente, de sites como Orkut, Facebook e Twitter.

Essas redes vêm alterando as formas de relacionamento, afirma a psicóloga Letícia Silveira Netto. Hoje as pessoas podem se organizar em comunidades, mesmo geograficamente distantes – o que é benéfico. Mas o fenômeno também causa isolamento, alerta Letícia. "Isso resulta em relações entre pessoas isoladas em suas casas e escritórios", diz.

Embora a rede permita manter maior número de contatos, as relações se dão de forma mais superficial, segundo a psicóloga, e baseadas em interesses específicos. "Diria que os encontros virtuais têm sua força, mas não substituem a presença física do outro. Da troca e do encontro face a face", afirma. (GA)

O dia 24 de janeiro de 2009 foi duplamente emocionante para o vendedor curitibano Ricardo Pires. Nesta data ele reuniu na igreja as três mulheres de sua vida: a esposa e as duas mães – adotiva e biológica. Esta reunião na vida real só se concretizou com uma ajudinha do mundo virtual. Foi trocando mensagens pelo Orkut que ele começou a namorar Juliana. Cinco meses antes do casamento, encontrou a mãe biológica no site de relacionamentos.

Ricardo, hoje com 34 anos, foi criado desde recém-nascido pela família adotiva. Aos 11 anos descobriu que era adotado, mas nunca buscou informações sobre os pais biológicos. Só foi atrás de sua origem em 2008, cinco meses antes de subir ao altar. Com poucos dados, ele começou a busca no Orkut. Primeiro encontrou o irmão Alessandro e, através dele, a mãe Zilair.

Ricardo passou um mês trocando mensagens com a mãe e, então, decidiu conhecê-la pessoalmente. Ele viajou para União da Vitória, no Sul do Paraná, e lá teve outras emoções. "Também encontrei minha avó, outro irmão. Depois vieram sobrinhos e primos. Uma segunda família completa", conta.

Namoro

Mas esta não foi primeira vez que a internet mudou a vida do vendedor. Em 2005 ele conheceu Juliana, sua esposa, pelo Orkut. "Nós morávamos no mesmo bairro, mas eu não a conhecia", afirma. Uma semana depois eles deixaram a intermediação dos computadores e se encontraram na vida real.

Veio o namoro, o relacionamento foi ficando mais sério e eles decidiram se casar. Segundo Ricardo, a mãe de criação, Joseli, deu a ideia de ele entrar de braços dados com as duas mães na igreja. Foi preciso até da autorização do padre. Muitos dos convidados, que não sabiam da história, ficaram surpresos. "Foi uma emoção indescritível. O dia mais feliz da minha vida. Minhas duas mães reunidas no meu casamento", relata. Sem a rede social na internet, Ricardo acredita que nunca teria encontrado a família biológica.

Irmãos

O Orkut também ajudou Tamy Favarin, 28 anos, a se reaproximar do irmão por parte de pai, Fabiano. Eles foram criados separados – ela em Curitiba e ele em Santa Fé, na região de Maringá, no Noroeste do estado. Quando criança chegou a visitá-lo, mas com o tempo os dois se afastaram.

Há um ano ela encontrou o irmão no Orkut e os dois se reaproximaram. "Fui adicionando alguns parentes, procurando outros até que cheguei nele", diz. Desde então estão trocando mensagens pela internet, mas até agora não se encontraram pessoalmente. "Tenho planos de reunir a família, mas ainda não deu", afirma.

Outro que reatou velhas amizades foi o analista de sistemas Guilherme de Oliveira Antunes. Ele cursou o ensino fundamental no Colégio Madalena Sofia em Curitiba, mas se mudou para Brasília e depois para Belo Horizonte. Com isso perdeu o contato com os amigos. Em 2004 ele reencontrou virtualmente os colegas. Quando voltou para Curitiba retomou as amizades. "Eu diria que seria impossível reencontrar estas pessoas sem a ajuda do Orkut. A única referência que eu tinha de alguns eram as fotos do tempo da escola", diz.

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