Fachada da Câmara de Curitiba: esquecimento dificulta que o eleitor acompanhe o trabalho e cobre resultados de seu vereador.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

De cada dez eleitores curitibanos, três admitem que não se lembram mais para qual candidato a vereador deram seu voto. O número foi revelado por um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, feito a pedido da Gazeta do Povo. No total, 30,2% disseram que já não sabem para quem votaram na disputa pelo Legislativo municipal. Outros 45,6% dizem lembrar e 24,2% afirmam que não votaram em ninguém.

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Os números mostram que cerca de três quartos dos entrevistados votaram em alguém. Descontando os que anularam, votaram em branco ou não foram votar em outubro, sobram 75,8% dos eleitores. Ou seja; descontados esses “não votos”, é possível dizer que 40% dos que realmente escolheram alguém já não se lembram de quem se tratava.

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A eleição para a Câmara Municipal ocorreu em 2 de outubro. A pesquisa entrevistou 858 eleitores curitibanos entre 11 e 14 de dezembro, cerca de 70 dias depois da votação. A margem de erro, segundo o instituto, é de 3,5 pontos porcentuais, num intervalo de confiança de 95%.

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Problema estrutural

Em eleições anteriores, o resultado tem sido semelhante. Em dezembro de 2008, pouco mais de dois meses depois da eleição daquele ano, o Paraná Pesquisas apurou, também a pedido da Gazeta do Povo, que 28,5% dos eleitores já não se lembravam do voto para o Legislativo. Em janeiro de 2013, três meses após as eleições de 2012, o número foi um pouco maior: 35,7% haviam esquecido o voto.

Para o professor Doacir Quadros, da Uninter, a série histórica revela, além da pouca importância que o eleitor dá ao Legislativo, um possível problema estrutural no sistema eleitoral. Com muitos candidatos – mais de mil em Curitiba, neste ano – o eleitor acaba não aprofundando seu conhecimento sobre ninguém.

Para o cientista político, seria necessário reduzir o número de candidatos disponíveis para cada eleitor, por meio de voto distrital, por exemplo. “A falta de memória sobre o voto é um problema até para o que deveria ser a segunda fase do processo democrático, que é o acompanhamento do trabalho de quem foi eleito”, afirma.

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