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Pedro Taques, senador que solicitou a reforma do Código. | José Cruz/Agência Senado
Pedro Taques, senador que solicitou a reforma do Código.| Foto: José Cruz/Agência Senado

Do grupo dos chamados independentes da CMPI do Cachoeira, o senador Pedro Taques (PDT-MT) aponta resistências na comissão para investigar de verdade e diz que, sem a quebra de sigilos e busca de documentos para comprovar os fatos ilegais de todos os ramos da organização criminosa do bicheiro Carlinhos Cachoeira, a CMPI não dará em nada. Membro do Ministério Público Federal por 15 anos, Taques é contra a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusado de ter "segurado" desde 2009 a investigação contra Cachoeira porque ela envolvia políticos, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

Como o senhor vê essa polêmica sobre a dificuldade de a CPI investigar Gurgel?

Vejo que essa polêmica não tem fundamento legal. A CPI tem fatos determinados: investigar a organização criminosa capitaneada por Carlinhos Cachoeira com parlamentares e autoridades. O procurador-geral está sendo investigado? Não. Ele pode ser convocado para depor na CPI? Entendo que não, porque existe uma lei que lhe dá prerrogativas, sob pena de ele [o acusador] se transformar em testemunha. Daí a CPI entendeu de lhe pedir esclarecimentos, e ele os enviou. Se a CPI entender que não foram suficientes, aí volta a discutir. Nós não podemos mudar o foco da CPI.

O Conselho do Ministério Público pode investigar se houve mesmo prevaricação do procurador e da subprocuradora Cláudia Sampaio ao não encaminhar o caso em 2009?

Pode. Qualquer cidadão é parte legítima para representar contra qualquer autoridade.

Agora se descobre um repasse de R$161 mil de Cachoeira para o escritório de advocacia do ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro. Isso acaba dando mais munição para quem quer desmoralizar o Ministério Público na CPI?

Sim. Não interessa qual seja a verdade. O que interessa é que a verdade possa aparecer. Eu entendo esse fato como grave. Isso precisa ser esclarecido, sem fazer prejulgamento.

Há um fogo cruzado do PT e do senador Collor em cima do MP, e isso acabou criando um espírito de corpo no Supremo em solidariedade a Gurgel. Isso pode contaminar o julgamento do mensalão?

Não tenho essa avaliação de espírito de corpo. Vi uma manifestação legal do procurador-geral falando dessa desconfiança. Os ministros do Supremo também... alguns se manifestaram nesse sentido. Não tenho informação para saber se isso foi um espírito de corpo.

Mas o senhor acha certo vincular mensalão e CPI?

Eu entendo que não.

O senhor tem dito que é a CPI é chapa-branca. Os depoentes se calam, e não se aprova a convocação de governadores e a quebra de sigilos. Onde vai dar?

Não vai dar em nada! Nós precisamos afastar [quebrar] sigilos de empresas, precisamos buscar documentos. Nós provamos esses crimes através de documentos.

Mas a CPI não quer buscar esses documentos?

Eu entendo que a CPI está patinando, ouvindo depoimentos de pessoas que têm direito constitucional de nada falar. A CPI tem que buscar documentos.

Tem um acordão dos partidos para evitar a convocação dos governadores?

Sim, eu estou... Eu não tenho comprovação disso. Mas estamos demorando muito para decidir a convocação dos governadores.

Há reclamação no Con­gres­so de que o relator Odair Cunha (PT-MG) estaria direcionando seu trabalho para "pegar" a oposição. Ele está sendo imparcial?

Temos que respeitar o presidente e o relator [da comissão]. Mas, em nome da verdade, as perguntas feitas pelo relator a um dos depoentes [o ex-vereador Wladimir Garcez] foram sim todas só para um lado.

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